No início desse ano, o presidente Lula fez comparações condenatórias entre os ataques israelenses e os horrores do Holocausto, provocando uma crise nas relações diplomáticas com Israel; ele foi declarado persona non grata pelo governo israelense. Esta situação gerou uma onda de indignação entre parlamentares bolsonaristas e um ambiente de polarização acentuada no Congresso Nacional. Entretanto, este tema parece ter perdido força no cenário eleitoral atual, mesmo em um contexto geopolítico onde a escalada de conflitos se alastra. Especialistas apontam que as eleições municipais mudaram o foco da pauta política brasileira, que agora prioriza questões locais, como infraestrutura e saúde, em detrimento de questões internacionais.
Rudá Ricci, cientista político, destaca que o centrão, movido por interesses clientelistas, foi o principal beneficiário nas recentes eleições, deixando pouco espaço para discussões acerca de conflitos no Oriente Médio. Ele argumenta também que, apesar do retrocesso no apoio explícito a Israel, esse país ainda é um símbolo significativo para o bolsonarismo. O especialista em ciências sociais Robson Sávio Reis Souza, por sua vez, relaciona essa conexão a uma articulação mais ampla entre sionismo e segmentos do pentecostalismo evangélico, que têm na defesa do Estado de Israel um ponto de convergência ideológica e eleitoral.
Apesar de algumas candidaturas usarem a bandeira israelense como parte de seu discurso político, a popularidade dessa agenda diminuiu em relação ao passado. De fato, muitos observadores acreditam que a questão codificada da relação entre Bolsonaro e Israel pode ressurgir como uma estratégia significativa nas campanhas de 2026, diante de um cenário eleitoral onde a saúde, a infraestrutura e as necessidades cotidianas dos cidadãos predominam nas preocupações do eleitorado. O que fica claro é que, embora Israel permaneça como um ícone no bolsonarismo, a realidade política atual demanda atenção às questões que mais afetam a vida das pessoas diariamente.