O cessar-fogo que entrou em vigor em janeiro entre o Hamas e o governo israelense já encontra-se ameaçado. Especialistas e analistas têm demonstrado que os desdobramentos atuais são preocupantes e que as intenções de Trump podem complicar ainda mais a situação. Em entrevista, Aasma Abu Jidian, uma palestina que vive em Gaza, expressou sua angústia pelo estado desolador em que se encontra a região, ressaltando a devastação das infraestruturas básicas, como escolas e hospitais. Sua história é emblemática de um drama coletivo: ela se mudou para Gaza quando criança e, após uma visita temporária, acabou sendo obrigada a ficar devido ao fechamento das fronteiras.
Além da devastação física, a falta de condições mínimas de vida preocupa os residentes. Jidian afirmou que a ideia de uma intervenção americana representa mais um golpe na dignidade do povo palestino: “Aqui ninguém está aceitando… as pessoas daqui não estão gostando nem um pouco da ideia”, ressaltou, refletindo um sentimento amplamente compartilhado entre os habitantes da Faixa de Gaza.
Marcos Feres, da Federação Árabe-Palestina do Brasil, acrescentou uma análise crítica ao panorama. Para ele, a proposta de Trump não é apenas infeliz, mas faz parte de uma estratégia de aniquilação que visa silenciar testemunhas dos genocídios cometidos na região, colocando em risco a vida de jornalistas e ativistas. “O projeto de aniquilação dos palestinos é muito anterior ao conflito recente”, observou Feres, enfatizando que existe uma continuidade de práticas que remontam a décadas de conflito.
Arturo Hartmann, doutor em relações internacionais, advertiu que Gaza já está sob controle israelense desde 1967, e as atuais propostas para expulsar palestinos configuram crimes de guerra e limpeza étnica. As políticas da administração Trump parecem indicar uma mudança na estratégia dos Estados Unidos, abandonando mecanismos diplomáticos e de ajuda.
Com a incerteza pairando sobre o futuro, especialistas clamam por uma reflexão profunda sobre as ações e as consequências desta crise, reiterando a necessidade de um processo de responsabilização para os perpetradores de violências históricas contra o povo palestino. A voz dos que estão na linha de frente da luta por dignidade e direitos humanos é uma lembrança constante de que a paz requer mais do que um cessar-fogo; é um chamado à justiça.