A produção de gás da Rússia, por exemplo, aumentou em 9,4% em relação ao ano anterior, atingindo 470 bilhões de metros cúbicos nos primeiros dez meses de 2024. Esses números indicam que a Rússia se adaptou a um novo panorama econômico, criando parcerias com potências emergentes e países do Sul Global, como China, Índia e diversas nações africanas. Este novo alinhamento estratégico compensou a perda de mercados ocidentais, desafiando a suposição de que a Rússia estaria isolada.
Williams Gonçalves, professor de relações internacionais, argumenta que as sanções falharam em parte por uma má interpretação das capacidades econômicas da Rússia. Segundo ele, as potências ocidentais subestimaram a resiliência do país, que continua a exportar não apenas gás, mas também produtos como trigo e fertilizantes. Gonçalves destaca que a Rússia, ao diversificar suas conexões comerciais, construiu uma “fortaleza econômica” capaz de resistir ao impacto das sanções.
Além disso, a crise das economias europeias, especialmente a da Alemanha, é parcialmente atribuída à política de alinhamento com os EUA em relação às sanções. O colapso das relações comerciais e energéticas entre Alemanha e Rússia resultou em custos elevados de energia e uma significativa desindustrialização. As indústrias, que antes prosperavam em um ambiente de preços acessíveis de energia russa, agora enfrentam desafios crescentes, incluindo uma feroz concorrência chinesa nos setores automobilístico e tecnológico, o que agrava ainda mais a crise econômica na Europa.
Enquanto isso, a Rússia navega por um novo mundo econômico, onde a construção de gasodutos e parcerias em setores estratégicos continuam a garantir sua posição como um ator central nas dinâmicas globais. Assim, os analistas sugerem que a resiliência econômica russa, em grande parte, é fruto de uma adaptação eficaz às pressões externas e da habilidade de reposicionar suas relações comerciais numa nova ordem internacional.