Em 2021, o Brasil iniciou sua caminhada com a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (EBIA), e em julho de 2024, lançou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), que busca investir R$ 23 bilhões até 2028. Contudo, especialistas destacam que os resultados práticos ainda são incipientes. Guilherme Frizzera, professor de relações internacionais, aponta que a falta de métricas claras e transparência são entraves que podem comprometer a efetividade da EBIA. A eficácia do plano depende de uma implementação robusta e da colaboração entre setor público e privado, bem como do investimento em talentos e infraestrutura.
Guilherme Neves, professor do Ibmec-RJ, correlaciona o sucesso da IA ao poder de processamento disponível no país, que ainda é insatisfatório se comparado ao que é encontrado nos Estados Unidos e na China. Esse déficit é um denominador comum que compromete o avanço não apenas do Brasil, mas de toda a América Latina.
A era da inteligência artificial é considerada por muitos especialistas como a “quarta revolução industrial”. Neste contexto, a soberania digital se torna uma questão crucial. Frizzera ressalta que depender de tecnologias desenvolvidas no exterior pode expor os países a diversas vulnerabilidades, incluindo a segurança cibernética.
Por outro lado, os especialistas enfatizam a importância da união entre os países da América Latina. Construir uma agenda comum de cooperação poderia aumentar a influência regional nas negociações globais. Além disso, discutir regulamentações claras para as empresas de tecnologia seria uma forma estratégica de garantir a proteção dos direitos dos cidadãos e promover a ética na utilização da IA.
Com uma população que ultrapassa 600 milhões de habitantes e uma área territorial vasta, a América Latina tem o potencial de se consolidar como um ator importante no cenário global da inteligência artificial. No entanto, para isso, é essencial que os países da região se fortaleçam mutuamente, investindo não apenas em tecnologia, mas também em regulamentação e proteção dos dados. Essa abordagem pode não apenas criar um ambiente propício ao desenvolvimento de tecnologias autóctones, mas também garantir que a região esteja posicionada de maneira assertiva no mapeamento da nova economia digital.









