Com mais de 100km da costa da Normandia repleta de resquícios do Dia D, como bunkers, navios encalhados e outros vestígios dos primeiros passos das tropas aliadas, a região está agora sob a pressão do avanço oceânico. O mar que testemunhou a maior invasão marítima da história agora ameaça os locais históricos que são visitados por milhões de turistas anualmente.
As praias de Utah, Omaha, Juno, Sword e Gold, invadidas pelas tropas dos Estados Unidos, da Comunidade Britânica e de outros países aliados, sofreram mudanças drásticas ao longo dos últimos 80 anos. Regis Leymarie, geógrafo do órgão de conservação do litoral da Normandia, afirmou que alguns sítios históricos do Dia D já não se assemelham em nada ao que os soldados aliados experimentaram em 1944.
As temperaturas globais em aumento têm acelerado o derretimento do gelo polar e consequentemente o aumento do nível dos oceanos, representando uma ameaça às comunidades costeiras da Normandia. “O ambiente será transformado em aproximadamente 10 anos”, alertou Leymarie.
Em meio a essa realidade preocupante, algumas comunidades costeiras já estão enfrentando as consequências do avanço do mar. Moradores de Graye-sur-Mer, vilarejo localizado ao longo da praia de Juno, observam com apreensão a destruição de bunkers inteiros pelas ondas, temendo pela preservação da história que está sendo apagada. No entanto, a falta de ação por parte das autoridades locais dificulta a proteção desses locais históricos.
Nesse sentido, o geógrafo Regis Leymarie ressaltou a importância de se adaptar às mudanças que estão ocorrendo rapidamente na região. Com o nível do mar aumentando alguns milímetros a cada ano, Leymarie enfatizou que é questão de tempo até que os lugares de desembarque do Dia D se transformem radicalmente, mostrando que a natureza reivindicará o seu espaço inevitavelmente.