A historiadora Jéssica Gonzaga, uma das entrevistadas, argumentou que a Amazônia Azul deve ser vista sob a ótica da soberania nacional, enfatizando que o Brasil depende crucialmente de suas rotas marítimas. “Imaginemos um cenário em que nossas comunicações marítimas sejam bloqueadas; nossa economia e sociedade ficariam em colapso”, alertou. Ela também chamou a atenção para o potencial de desenvolvimento econômico que a região oferece, incluindo exploração de petróleo, pesca, turismo e até mesmo produtos derivados de algas marinhas, cada vez mais relevantes em indústrias como a cosmética.
Além da importância econômica, a especialista apontou que a localização estratégica da Amazônia Azul a torna suscetível a ameaças, como a pirataria e o terrorismo, especialmente vindos de regiões contíguas, como o Golfo da Guiné. Gonzaga destacou a necessidade de uma Marinha brasileira bem equipada e modernizada, citando o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) como chave para garantir a segurança nacional. Com a incorporação de submarinos de propulsão nuclear, o Brasil se posiciona entre as nações que dominam essa tecnologia crucial.
Por outro lado, a professora Leticia Cotrim, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, fez um apelo por uma abordagem mais sustentável, sugerindo que o Brasil deve considerar a Amazônia Azul como uma fonte de energia renovável. A utilização das forças naturais, como marés e correntes, bem como o investimento em energia eólica, poderia posicionar o Brasil como líder na luta contra as mudanças climáticas.
Dessa forma, a Amazônia Azul não apenas simboliza a riqueza do Brasil, mas também se apresenta como um campo fértil para a defesa da soberania e a promoção de práticas econômicas sustentáveis, reforçando a necessidade de um planejamento que englobe a conservação e a exploração consciente de seus recursos. A discussão em torno de sua preservação e valorização continua a ser uma questão premente para o futuro do Brasil, que deve olhar para o mar com renovado interesse e responsabilidade.