Em um cenário onde o narcotráfico e a exploração ilegal de recursos naturais se intensificam, especialistas apontam a necessidade de uma articulação regional que envolva não apenas questões de preservação, mas também a defesa dos interesses soberanos dos países amazônicos. A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) realizará a V Cúpula dos Chefes de Estado na Colômbia, visando discutir esses temas cruciais em meio a discursos contundentes contra interferências externas, como os proferidos por líderes como Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolás Maduro.
O especialista em relações internacionais e coordenador de um curso em uma instituição educacional brasileira, Guilherme Frizzera, enfatiza a importância de incluir a defesa na agenda das discussões. A atuação do narcotráfico, por exemplo, pode ser utilizada por potências externas como justificativa para intervenções militares sob a alegação de combate a redes ilícitas. Para Frizzera, é crucial que os países da região intensifiquem suas estratégias de cooperação em segurança e defesa, estabelecendo mecanismos que garantam a proteção dos recursos e das fronteiras.
Ele questiona a viabilidade de adotar uma política comum de defesa entre os países amazônicos, ressaltando que essa iniciativa deve evitar ambições excessivas e disputas ideológicas. O recente desmantelamento de fóruns como o Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS) deixou um espaço de cooperação mais restrito que agora se concentra na OTCA, mas ainda assim, a criação de um comando militar conjunto entre as nações se mostra um desafio, dadas as diferenças de capacidades e níveis de confiança entre os integrantes.
Contudo, a centralidade do Brasil na região, possuindo 62% da Amazônia, coloca o país em uma posição privilegiada para liderar esforços de proteção conjunta. A proposta é que essa liderança se baseie na construção de uma relação de confiança entre os países, respeitando a soberania de cada um enquanto se enfrentam ameaças transnacionais e a exploração externa.
Ainda que a exploração ilegal de recursos naturais represente um dos maiores problemas na Amazônia, a abordagem sugerida envolve a criação de sistemas de cooperação em inteligência e segurança que possibilitem operações conjuntas e a proteção compartilhada de recursos e povos indígenas. A região, que atrai cada vez mais a cobiça internacional, demanda uma resposta integrada para garantir um futuro sustentável e seguro.