Os dados alarmantes da pesquisa Retratos da Leitura 2024 mostraram que, apesar do crescimento das festas literárias que atraem cada vez mais pessoas pelo Brasil, o país vive um momento de declínio no hábito da leitura. Pela primeira vez na história, a pesquisa revelou que há mais não leitores do que leitores, com 53% da população brasileira sem o hábito da leitura. E Alagoas, com apenas 39% de sua população praticando a leitura, está entre os Estados que contribuem para essa estatística negativa.
Realizada a cada quatro anos pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o IPEC e o Itaú Cultural, a pesquisa traça um perfil do leitor brasileiro. Desde 2019, o país perdeu 6,7 milhões de leitores, e essa queda tem sido observada em todas as classes sociais, faixas etárias e níveis de escolaridade.
Zoara Failla, coordenadora da pesquisa, questionou os motivos por trás do baixo índice de leitura no país. Ela destacou a importância de formar leitores críticos que compreendam o que leem, algo essencial para o desenvolvimento social, humano e democrático. Além disso, Failla apontou que fatores como renda e letramento estão relacionados aos baixos índices de leitura no Nordeste, onde Alagoas se destaca negativamente.
Com a pandemia e o aumento do tempo livre, muitas pessoas recorreram à internet e às redes sociais, deixando de lado a leitura de livros. Zoara Failla ressaltou que o incremento nas vendas durante o período pandêmico beneficiou principalmente os leitores já existentes, deixando crianças e adolescentes, privados de escolas e bibliotecas, com menos acesso à leitura.
A coordenadora da pesquisa também enfatizou a importância de transformar as bibliotecas em espaços mais dinâmicos e interativos, onde o compartilhamento de conhecimento seja incentivado. Ela argumentou que as bibliotecas devem ser polos culturais vivos, promovendo encontros e trocas dentro da comunidade.
Diante desse cenário desafiador, Failla vislumbra a possibilidade de mudança no gosto pela leitura, destacando a importância da mediação e do uso de novas ferramentas digitais para atrair mais leitores. A pesquisa apontou que Santa Catarina lidera o ranking de leitores no Brasil, com 64% da população mantendo o hábito da leitura.
A próxima edição da pesquisa deve trazer mais insights sobre o hábito da leitura no país, com dados específicos sobre Maceió, que anteriormente figurava como a capital brasileira com o menor índice de leitores. Contudo, os desafios atuais evidenciam a necessidade de repensar e transformar a cultura da leitura no Brasil, visando um futuro mais promissor para a educação e o desenvolvimento social do país.