ALAGOAS – Quebra de Xangô: 113 Anos de Luta Contra a Intolerância Religiosa em Alagoas

Neste 2 de fevereiro de 2025, Alagoas relembra um dos capítulos mais sombrios de sua história: a Quebra de Xangô, que ocorreu há 113 anos e é considerado o maior episódio de intolerância religiosa no estado. Naquela fatídica madrugada de 1912, uma onda de violência varreu os terreiros de Candomblé em Maceió, onde espaços sagrados foram destruídos e adeptos perseguidos. Este evento, motivado pela desinformação e o preconceito, marcou uma dolorosa página para as religiões de matriz africana no Brasil.

Mãe Mirian, uma importante líder religiosa alagoana e Patrimônio Vivo desde 2021, simboliza a resistência e a ancestralidade. Para ela, a intolerância que moveu o Quebra de Xangô ainda ecoa nos dias atuais. “Naquela época, sofrer era uma constante para quem praticava o Candomblé. Terreiros eram alvos frequentes de violência, tendo que realizar cerimônias em segredo para evitar problemas”, relembra. A prática do Xangô Rezado Baixo, por exemplo, evidencia a necessidade de adaptação para fugir de olhares atentos e julgadores.

A importância deste dia, como afirma Alan Cerqueira, estudante de História e adepto ao Axé Pratagy, é também de resistência. “Hoje, clamamos por respeito e reafirmamos a importância das religiões de matriz africana na formação cultural e social do Brasil”. Ele destaca que lembrar essa história é valorizar a diversidade e as raízes afro-brasileiras que enriquecem o país.

As ações governamentais em Alagoas têm buscado reparar parte deste doloroso passado. Iniciativas culturais e de conscientização foram incrementadas, além da criação de órgãos como a Delegacia Tia Marcelina, para combater a discriminação religiosa. Desde um pedido formal de perdão em 2012, o estado intensifica ações para prevenir que atos de intolerância religiosa se repitam, sublinhando o compromisso do governo em defender e promover o respeito às religiões de matriz africana. “Não podemos permitir que a intolerância prospere”, frisou o Governador Paulo Dantas, reafirmando o empenho em construir uma sociedade mais acolhedora e justa.

Lembrar a Quebra de Xangô é essencial para não repetir erros do passado e lutar pela inclusão e respeito mútuo entre as religiosidades diversas que convivem em nosso país.

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