ALAGOAS – “Mulheres Negras São 76% das Vítimas de Violência Doméstica Atendidas em Alagoas, Revela RAV”



Em um cenário alarmante e revelador, a Rede de Atenção às Violências (RAV), sob a tutela da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas, divulgou preocupantes estatísticas sobre a violência doméstica no estado. Entre janeiro e outubro deste ano, foram atendidas 1.357 mulheres nas Salas e Áreas Lilás de hospitais e delegacias, onde uma desconcertante porcentagem de 76% das vítimas se identifica como mulheres negras ou pardas. Esses dados evidenciam um recorte racial significativo e alarmante da violência estrutural em Alagoas.

Essas mulheres, majoritariamente entre 18 e 59 anos, enfrentam um contexto socioeconômico adverso, marcado pela baixa escolaridade e pela residência em áreas periféricas. Conforme a enfermeira Thaylise Nunes, gerente operativa da RAV, os agressores frequentemente são ex-cônjuges, parceiros atuais ou conhecidos, ilustrando a proximidade do agressor da vítima e a complexidade dos laços que muitas vezes dificultam a denúncia e o rompimento do ciclo de violência.

O aumento no número de atendimentos em relação ao ano de 2023, quando 1.095 vítimas foram recebidas, reflete um reconhecimento das Salas Lilás como locais de proteção e acolhimento humanizado. Segundo Nunes, este aumento não apenas põe em evidência a gravidade da situação, mas também destaca a relevância das pesquisas para se criar um ambiente de atendimento que potencializa a denúncia e promove a proteção efetiva.

Além da resposta às ocorrências de violência doméstica, a RAV também reporta 1.163 atendimentos relacionados à violência sexual até outubro de 2024. O apoio às vítimas inclui uma abordagem multidisciplinar e serviços abrangentes, como profilaxia para ISTs e HIV, anticoncepção de emergência, e apoio psicológico e jurídico, disponibilizados por, no mínimo, seis meses após o ocorrido.

Sobre os esforços contínuos em educação e treinamento, o advogado Pedro Santos, técnico de planejamento da RAV, enfatiza a qualificação dos profissionais da saúde como peça fundamental para ampliar a capacidade de identificação, comunicação e assistência às vítimas. Ele ressalta a necessidade urgente de combater a violência contra a mulher com medidas eficientes e abrangentes. A iniciativa visa fortalecer o sistema de proteção e garantir direitos, estimulando a aprendizagem e aperfeiçoamento contínuo das equipes envolvidas, optimizando protocolos de acolhimento, atendimento e monitoramento.

Este cenário reitera a urgência de políticas públicas mais incisivas e ações efetivas para proteger as mulheres em situação de vulnerabilidade, promovendo uma transformação estrutural no combate à violência de gênero, que é sistêmica e impacta principalmente a comunidade negra. Assim, iniciativas como a RAV tornam-se essenciais não apenas para assistência às vítimas, mas também para fomentar mudanças culturais e institucionais duradouras.

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