Essas mulheres, majoritariamente entre 18 e 59 anos, enfrentam um contexto socioeconômico adverso, marcado pela baixa escolaridade e pela residência em áreas periféricas. Conforme a enfermeira Thaylise Nunes, gerente operativa da RAV, os agressores frequentemente são ex-cônjuges, parceiros atuais ou conhecidos, ilustrando a proximidade do agressor da vítima e a complexidade dos laços que muitas vezes dificultam a denúncia e o rompimento do ciclo de violência.
O aumento no número de atendimentos em relação ao ano de 2023, quando 1.095 vítimas foram recebidas, reflete um reconhecimento das Salas Lilás como locais de proteção e acolhimento humanizado. Segundo Nunes, este aumento não apenas põe em evidência a gravidade da situação, mas também destaca a relevância das pesquisas para se criar um ambiente de atendimento que potencializa a denúncia e promove a proteção efetiva.
Além da resposta às ocorrências de violência doméstica, a RAV também reporta 1.163 atendimentos relacionados à violência sexual até outubro de 2024. O apoio às vítimas inclui uma abordagem multidisciplinar e serviços abrangentes, como profilaxia para ISTs e HIV, anticoncepção de emergência, e apoio psicológico e jurídico, disponibilizados por, no mínimo, seis meses após o ocorrido.
Sobre os esforços contínuos em educação e treinamento, o advogado Pedro Santos, técnico de planejamento da RAV, enfatiza a qualificação dos profissionais da saúde como peça fundamental para ampliar a capacidade de identificação, comunicação e assistência às vítimas. Ele ressalta a necessidade urgente de combater a violência contra a mulher com medidas eficientes e abrangentes. A iniciativa visa fortalecer o sistema de proteção e garantir direitos, estimulando a aprendizagem e aperfeiçoamento contínuo das equipes envolvidas, optimizando protocolos de acolhimento, atendimento e monitoramento.
Este cenário reitera a urgência de políticas públicas mais incisivas e ações efetivas para proteger as mulheres em situação de vulnerabilidade, promovendo uma transformação estrutural no combate à violência de gênero, que é sistêmica e impacta principalmente a comunidade negra. Assim, iniciativas como a RAV tornam-se essenciais não apenas para assistência às vítimas, mas também para fomentar mudanças culturais e institucionais duradouras.