A campanha é uma resposta aos eventos que ocorreram há 112 anos, no mesmo dia, em Alagoas, conhecidos como Quebra de Xangô, considerado o maior ato de intolerância religiosa do país. O Governo de Alagoas busca marcar a data com uma ação que celebra a força e a resistência das religiões de matriz africana, além de promover o respeito às raízes afro-brasileiras e à diversidade cultural do país.
Além disso, a campanha “Xangô – Fé e respeito” também tem como propósito divulgar os serviços da Semudh voltados para as vítimas de violência por intolerância religiosa. A estrutura de atendimento inclui a Delegacia Especial dos Crimes contra Vulneráveis Yalorixá Tia Marcelina, em homenagem ao nome mais importante das religiões de matriz africana em Alagoas, que presta assessoria jurídica e acompanha as denúncias desses casos de violência.
Para Jonathan Silva, superintendente interino de Políticas para a Igualdade Racial da Semudh, a campanha é uma iniciativa estratégica do Governo de Alagoas, projetada para fortalecer a convivência harmoniosa entre diferentes crenças, especialmente valorizando as tradições de matriz africana.
O babalorixá Célio Rodrigues destaca que a campanha celebra a memória do Quebra de Xangô e busca combater o esquecimento, promovendo o reconhecimento da dor e do sofrimento da comunidade religiosa, além de educar e informar o público sobre essas religiões.
O episódio do Quebra de Xangô, ocorrido em 2 de fevereiro de 1912, foi marcado pela invasão de terreiros de religiões de matriz africana e resultou na morte da yalorixá Tia Marcelina, uma das figuras mais importantes das religiões de matriz africana em Alagoas, além do fechamento de vários terreiros e a dispersão de praticantes para outros estados. Em 2012, o Governo de Alagoas manifestou um pedido de perdão oficial pelo Quebra de Xangô.
A campanha “Xangô – Fé e respeito” representa um esforço do Governo de Alagoas em promover a tolerância religiosa e combater a discriminação, visando uma sociedade mais justa e igualitária. As ações do governo buscam educar, conscientizar e mobilizar a população para promover um ambiente de respeito e tolerância às diversidades religiosas.