O cirurgião geral do HGE, Amauri Clemente, aponta que a imprudência e o desrespeito às leis de trânsito por parte de motoristas e pedestres são os principais fatores para esse cenário alarmante. “Problemas como falta de cortesia, uso indevido de aparelhos celulares, excesso de velocidade, falta de sinalização e deslocamentos em locais proibidos são frequentemente relatados pelos pacientes atendidos no HGE”, observa Clemente. Os motociclistas continuam sendo as principais vítimas, muitas vezes movidos por pressa e um perigoso sentimento de invulnerabilidade que frequentemente termina em tragédias.
Um exemplo recente ilustra bem essa realidade: um adolescente de 15 anos foi admitido no hospital após sofrer um acidente enquanto conduzia a moto do pai, sem permissão. A mãe, Rute Moreira, conta que o filho saiu de casa sem ser notado, até que a notícia de seu acidente chegou. O rapaz, que usava capacete, colidiu com um veículo na Avenida Rui Palmeira, mas evitou uma situação ainda pior, já que não havia pedestres por perto. Ele sofreu fraturas sérias no fêmur e no acetábulo direito, mas as consequências poderiam ter sido trágicas caso não estivesse equipado com medidas mínimas de proteção.
Apesar do susto, o incidente com o adolescente ressalta a importância de regras rigorosas e a necessidade de maior vigilância por parte dos pais e responsáveis no combate ao acesso precoce à direção por menores de idade. “A educação no trânsito deve ser responsabilidade de instrutores qualificados”, afirma Amauri Clemente, lembrando que, no Brasil, a idade mínima para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) é de 18 anos. O jovem, agora em recuperação e aguardando cirurgia, prometeu que não voltará a pilotar uma moto, um compromisso que evidencia a importância de aprender com experiências traumáticas para prevenir futuros infortúnios.