Apesar disso, a admiração mútua entre Diegues e Márquez gerou uma proposta de colaboração cinematográfica. Gabriel, encantado com uma história sobre três índios levados à Europa durante o período colonial, sugeriu criar um roteiro baseado nesse fascinante enredo. No entanto, o projeto nunca se concretizou devido a desencontros profissionais e a complexidade de realizar tal empreitada no diversificado e competitivo universo do cinema.
Em retrospecto, Diegues expressa que, caso tivesse a chance de adaptar qualquer obra de García Márquez para o cinema, sua escolha recairia sobre um trecho de “Cem Anos de Solidão”. Ele destaca a importância inigualável da obra-prima de García Márquez para a literatura latino-americana, afirmando que o livro inaugurou uma nova era na narrativa do continente. Além disso, coloca García Márquez ao lado de outros titãs literários, como Guimarães Rosa e Alejo Carpentier, ressaltando a rica tradição literária da região.
A amizade entre Diegues e García Márquez perdurou ao longo dos anos, encontrando-se esporadicamente em locais como Brasil e Cuba. Apesar da parceria cinematográfica não ter se materializado, o cineasta rememora o impacto cultural significativo de García Márquez, que se estendeu além da literatura, incentivando o florescimento da cultura latino-americana, inclusive no cenário cinematográfico.
Para Diegues, a perda de García Márquez representa não apenas a partida de um escritor extraordinário, mas também de uma figura cultural que tocou profundamente diversas esferas da expressão artística no continente.