ALAGOAS – Cacá Diegues e Gabriel García Márquez: Parceiros Quase Inseparáveis em Projeto Cinematográfico sobre Três Índios na Europa.

Em um episódio fascinante da história cultural latino-americana, o célebre cineasta brasileiro Cacá Diegues relembra uma quase parceria com o renomado escritor colombiano Gabriel García Márquez. A amizade surgiu por volta de 1970, em Paris, após Diegues ler “Cem Anos de Solidão”, uma obra seminal de García Márquez que redefiniu a literatura do continente. Anos antes, em 1971, Márquez, em uma entrevista ao cineasta Glauber Rocha publicada no jornal O Pasquim, confessou que havia escrito o livro em parte como uma resposta irônica à indústria cinematográfica, acreditando ser uma obra “infilmável”.

Apesar disso, a admiração mútua entre Diegues e Márquez gerou uma proposta de colaboração cinematográfica. Gabriel, encantado com uma história sobre três índios levados à Europa durante o período colonial, sugeriu criar um roteiro baseado nesse fascinante enredo. No entanto, o projeto nunca se concretizou devido a desencontros profissionais e a complexidade de realizar tal empreitada no diversificado e competitivo universo do cinema.

Em retrospecto, Diegues expressa que, caso tivesse a chance de adaptar qualquer obra de García Márquez para o cinema, sua escolha recairia sobre um trecho de “Cem Anos de Solidão”. Ele destaca a importância inigualável da obra-prima de García Márquez para a literatura latino-americana, afirmando que o livro inaugurou uma nova era na narrativa do continente. Além disso, coloca García Márquez ao lado de outros titãs literários, como Guimarães Rosa e Alejo Carpentier, ressaltando a rica tradição literária da região.

A amizade entre Diegues e García Márquez perdurou ao longo dos anos, encontrando-se esporadicamente em locais como Brasil e Cuba. Apesar da parceria cinematográfica não ter se materializado, o cineasta rememora o impacto cultural significativo de García Márquez, que se estendeu além da literatura, incentivando o florescimento da cultura latino-americana, inclusive no cenário cinematográfico.

Para Diegues, a perda de García Márquez representa não apenas a partida de um escritor extraordinário, mas também de uma figura cultural que tocou profundamente diversas esferas da expressão artística no continente.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo