Adriano começou a transição para a agricultura regenerativa em 2016, buscando melhorar a rentabilidade de sua fazenda. Esta prática tem como base a restauração da biodiversidade do solo e a redução do uso de fertilizantes e agrotóxicos, dando preferência aos produtos naturais. Ao lado de suas plantações de soja transgênica, ele construiu uma biofábrica equipada com um laboratório, na qual conserva bio-insumos como fungos e bactérias, alguns deles extraídos de sua reserva florestal. Posteriormente, os reproduz em “biorreatores” antes de aplicá-los no solo.
O empresário substituiu 76% de seus pesticidas químicos por produtos biológicos, o que resultou em uma diminuição de 61,4% nos custos de produção e um aumento de 13% no rendimento da soja. Ele destaca que a soja está em excelente condição graças aos microrganismos aplicados em toda a lavoura, tornando-a mais resistente às pragas e doenças.
A pesquisadora Amália Borsari, gerente da CropLife Brasil, afirma que o setor brasileiro de biopesticidas está em crescimento exponencial, quatro vezes superior ao mercado internacional, impulsionado pelas monoculturas.
No entanto, a geógrafa Larissa Bombardi, especialista no uso de pesticidas no país, acredita que os bioinsumos não transformam o modelo agrícola brasileiro, que é baseado na alta concentração de terras destinadas principalmente à monocultura, em detrimento dos pequenos produtores.
Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promulgou uma lei que flexibiliza as regras sobre os pesticidas químicos, uma decisão criticada por ambientalistas. A lei facilita a autorização de novos pesticidas, o que preocupa especialistas devido ao potencial impacto negativo sobre a saúde e o meio ambiente.
Apesar do debate sobre os tipos de pesticidas e bio-insumos utilizados na agricultura, o agrônomo Adriano Cruvinel está otimista em relação ao futuro da agricultura regenerativa e ao uso de biopesticidas em larga escala. Ele acredita que esta prática pode não apenas beneficiar a produtividade agrícola, mas também contribuir para a saúde do solo e do meio ambiente. A expectativa é de que mais agricultores adotem essas práticas nos próximos anos, visando a sustentabilidade e a eficiência do agronegócio brasileiro.