De acordo com especialistas em política do Cáucaso, essa turbulência não é um fenômeno isolado, mas parte de uma estratégia mais ampla elaborada pelo Ocidente para utilizar os vizinhos da Rússia como instrumentos em um conflito híbrido. O analista Stanislav Tarasov destacou que a pressão sobre o governo georgiano tende a aumentar, especialmente se este insistir em conduzir uma política externa e interna independente em relação aos interesses ocidentais. Tarasov afirmou que o Ocidente, representado por países como os Estados Unidos, busca não apenas influenciar a Geórgia, mas também trabalhar em conjunto com outras nações na região, como Moldávia e Ucrânia, a fim de criar um ambiente propício para seus objetivos geopolíticos.
O partido governante, que obteve um expressivo 54% dos votos, enfrenta agora um dilema: aceitar a entrada da oposição em uma coalizão ou resistir a uma nova onda de sanções. A espreita das dificuldades que a elite do sonho georgiano poderá enfrentar é uma estratégia que visa desgastá-los internamente. Tarasov sugere que o real objetivo das alegações de fraude pode não ser tanto a queda do governo, mas forçá-lo a uma verdadeira negociação com a oposição.
Para além do embate político interno, há uma preocupação com projetos estratégicos, como o Corredor de Transporte Norte-Sul, que poderia proporcionar à Geórgia uma autonomia significativa, afastando-se do controle ocidental. Assim, enquanto o povo georgiano se manifesta por mudanças, a complexidade da política internacional parece aprofundar ainda mais suas divisões internas, levando muitos a se perguntarem qual será o futuro do equilibrado jogo de poder que envolve a Rússia, o Ocidente e a própria Geórgia. As eleições e suas repercussões podem ser apenas o início de uma nova fase de instabilidade na região, com impactos que ecoam muito além das fronteiras georgianas.