Ademais, a África do Sul assumiu a presidência do G20, um passo essencial que se alinha com sua ambição de aumentar a representatividade dos países africanos e abordar os desafios globais a partir de uma perspectiva inclusiva. A cúpula do G20, a ser realizada em 2025, é vista como uma oportunidade para que o país promova temas cruciais, como a redução da pobreza, desigualdade social e a luta contra as mudanças climáticas.
Sob a liderança do presidente Cyril Ramaphosa, a África do Sul tem buscado ativamente uma nova ordem global multipolar. A história do país, marcada por sua luta contra o apartheid, proporciona uma base sólida para atuar como mediador em áreas de conflito. O professor Marcos Paulo Amorim, especialista em história africana, ressalta que as iniciativas sul-africanas no âmbito do BRICS foram fundamentais para estabelecer um novo paradigma no que diz respeito ao financiamento e desenvolvimento, sendo o Novo Banco de Desenvolvimento um exemplo emblemático.
Outro destaque em 2024 foi a assinatura de acordos de livre comércio com toda a África e com a União Europeia, buscando desafiar barreiras comerciais e fomentar o crescimento econômico em setores como agroindústria e energias renováveis. Este movimento é parte de uma estratégia maior de cooperação que inclui parcerias com potências como China e Índia, visando à inovação tecnológica e à sustentabilidade ambiental.
Em termos de liderança no Sul Global, a África do Sul e o Brasil são frequentemente vistos como protagonistas, mas seus focos são distintos. Enquanto a África do Sul busca soluções tecnológicas e aprofunda a cooperação regional, o Brasil tem se concentrado em reformas na governança global e um papel mais ativo em questões de segurança, particularmente no contexto das Nações Unidas.
Assim, observa-se que, embora exista uma dinâmica de concorrência, a natureza das relações entre esses países tende a se pautar por uma cooperação estratégica na construção de uma agenda comum, evidenciada pela crítica conjunta às ações de Israel e pela defesa dos direitos humanos em escala global. Portanto, em 2024, a África do Sul se firmou não apenas como uma voz do Sul Global, mas também como um exemplar de resiliência e compromisso com a justiça nas relações internacionais.