Os advogados responsáveis pela defesa de Bolsonaro, Paulo Amador da Cunha Bueno e Daniel Bettamio Tesser, apontaram em sua nota um parecer da subprocuradora Lindôra Araújo, que sugeriu que o caso não deveria ser analisado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, e sim remetido à Justiça de primeiro grau. No entanto, Moraes ignorou essa manifestação em agosto de 2023, levando Bolsonaro a permanecer em silêncio diante da PF.
Além disso, a defesa de Bolsonaro comparou o tratamento dado a ele com o recebido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, citando o caso de um relógio de luxo recebido por Lula em 2005 de autoridades francesas. A defesa considerou “insólito” o fato do inquérito se concentrar apenas no governo Bolsonaro, ignorando situações semelhantes ocorridas em governos anteriores.
A controvérsia em torno dos presentes recebidos por Lula e Bolsonaro está relacionada ao entendimento atual da Corte de Contas, que determina a devolução de itens de alto valor, mesmo que de uso pessoal. Esse entendimento foi estabelecido apenas em 2016, após o recebimento do relógio por Lula, em 2005, o que, segundo técnicos do órgão, inviabiliza a aplicação retroativa da decisão para presentes recebidos por presidentes anteriores.
A nota emitida pelos advogados de Bolsonaro ressalta a discordância e a indignação com o desenrolar do caso, reforçando a posição de defesa do ex-presidente diante das acusações. Este é mais um capítulo de uma longa batalha jurídica que envolve o ex-presidente e seus apoiadores, em meio a um cenário político conturbado e polarizado no Brasil.