Nesse contexto de tensão, o governo peruano cedeu e antecipou o fim do contrato com a empresa Joinnus, responsável pelas vendas online. Em entrevista ao jornal La República, o prefeito de Machu Picchu, Elvis La Torre, informou que as vendas temporárias serão feitas pelo Ministério da Cultura e pelo governo de Cusco, e posteriormente administradas pelas autoridades locais em uma nova plataforma digital. Como contrapartida, as lideranças locais suspenderam os bloqueios e greves.
O ex-prefeito de Machu Picchu, Darwin Baca, afirmou que a greve foi suspendida por tempo indeterminado e que as atividades turísticas estão sendo normalizadas. O impasse começou quando a venda digital de ingressos para Machu Picchu através da plataforma privada iniciou em janeiro, sendo criticada pela indústria local do turismo, que temia a privatização da atração turística mais visitada do país. A greve geral, convocada cinco dias depois, fechou o comércio e interrompeu a linha férrea que leva a Machu Picchu.
Cerca de 1,2 mil turistas peruanos e estrangeiros precisaram de ajuda para deixar a área no fim de semana, depois que a linha de trem foi bloqueada. O Itamaraty inclusive emitiu nota desaconselhando viagens à área. Um turista brasileiro relatou ao GLOBO que seu grupo precisou usar trilhas e caminhos de terra para retornar até Cusco, por causa do bloqueio da linha de trem.
Machu Picchu, que é Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1981 e recebe cerca de 4,5 mil visitantes diariamente, teria sofrido um prejuízo estimado em um milhão de sóis por dia durante a paralisação. O complexo arqueológico, localizado a 130 quilômetros de Cusco e a 2.438 metros de altitude, é uma das principais atrações turísticas do Peru, atraindo visitantes de todo o mundo. A conclusão do acordo foi essencial para devolver a normalidade ao turismo na região e, assim, garantir o sustento dos moradores locais.