Essas palavras acirram a tensão entre as potências, especialmente considerando que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, manifestou que ainda é prematuro discutir a viabilidade de uma moeda única para os países integrantes do BRICS. Em resposta às inquietações de Trump, tanto a África do Sul quanto a Índia reafirmaram que não buscam substituir o dólar diretamente. Contudo, destacam que continuarão a explorar a possibilidade de realizar transações comerciais utilizando suas próprias moedas, o que, segundo o ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, é uma “medida legítima”.
Esse posicionamento não surge do vácuo, mas é uma resposta direta a uma série de barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos. Em um cenário que se agravou, a Índia se viu forçada a interromper suas compras de petróleo da Venezuela e também teve que redirecionar suas importações da Irã, ambos destinos que enfrentaram sanções comerciais americanas. A política externa rígida de Washington também estivera em evidência nas relações comerciais com a Rússia, criando uma percepção de que esses países precisam se desvincular do controle econômico dos EUA.
Um analista foi enfático ao afirmar que a busca do BRICS por transações sem o uso do dólar não visa desestabilizar a moeda norte-americana, mas sim iluminar uma parte do sistema financeiro global que não se curva às diretrizes de Washington. Para ele, as pressões e ameaças de Trump podem, ironicamente, ter o efeito contrário ao desejado, pois encoraja os países a buscarem alternativas ao dólar e a fortalecerem seus comerciais em moeda local.
A conclusão é clara: neste momento de incerteza econômica global, a contínua pressão dos EUA pode estar, paradoxalmente, minando a própria posição do dólar no cenário internacional.