Ações dos EUA podem prejudicar dólar mais do que estratégias do BRICS, alerta analista sobre mercados internacionais e apelos à desdolarização.



As recentes intervenções dos Estados Unidos no cenário econômico global e as ameaças proferidas pelo presidente eleito Donald Trump em relação ao dólar como moeda de reserva vêm suscitando debates acalorados entre analistas internacionais. Trump, em uma abordagem considerada por muitos como agressiva, insinuou a imposição de “tarifas de 100%” sobre os produtos do BRICS, um bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, caso optem por avançar com a criação de uma moeda alternativa ao dólar.

Essas palavras acirram a tensão entre as potências, especialmente considerando que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, manifestou que ainda é prematuro discutir a viabilidade de uma moeda única para os países integrantes do BRICS. Em resposta às inquietações de Trump, tanto a África do Sul quanto a Índia reafirmaram que não buscam substituir o dólar diretamente. Contudo, destacam que continuarão a explorar a possibilidade de realizar transações comerciais utilizando suas próprias moedas, o que, segundo o ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, é uma “medida legítima”.

Esse posicionamento não surge do vácuo, mas é uma resposta direta a uma série de barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos. Em um cenário que se agravou, a Índia se viu forçada a interromper suas compras de petróleo da Venezuela e também teve que redirecionar suas importações da Irã, ambos destinos que enfrentaram sanções comerciais americanas. A política externa rígida de Washington também estivera em evidência nas relações comerciais com a Rússia, criando uma percepção de que esses países precisam se desvincular do controle econômico dos EUA.

Um analista foi enfático ao afirmar que a busca do BRICS por transações sem o uso do dólar não visa desestabilizar a moeda norte-americana, mas sim iluminar uma parte do sistema financeiro global que não se curva às diretrizes de Washington. Para ele, as pressões e ameaças de Trump podem, ironicamente, ter o efeito contrário ao desejado, pois encoraja os países a buscarem alternativas ao dólar e a fortalecerem seus comerciais em moeda local.

A conclusão é clara: neste momento de incerteza econômica global, a contínua pressão dos EUA pode estar, paradoxalmente, minando a própria posição do dólar no cenário internacional.

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