Cinco anos após a compra da Monsanto por US$ 63 bilhões, a perda de valor relacionada a essa transação continua a impactar a Bayer. Atualmente, não há prazo para que as disputas legais relacionadas ao herbicida Roundup, da Monsanto, cheguem a um fim, especialmente após uma decisão judicial na última sexta-feira que aumentou o risco de a Bayer ter que utilizar toda, ou mais do que, a reserva de US$ 16 bilhões criada para cobrir processos relacionados ao produto.
Além disso, a Bayer enfrenta uma crise em sua divisão farmacêutica após a suspensão de estudos primários de sua droga experimental mais relevante por falta de eficiência. Essa situação fez com que as ações da companhia despencassem até 21% na Bolsa de Frankfurt, resultando em um valor de mercado da Bayer de US$ 37 bilhões, menos da metade do valor pago pela Monsanto.
Diante dessa situação, o novo presidente da Bayer, Bill Anderson, que assumiu o comando do grupo em junho, enfrenta uma pressão para resolver os problemas criados por seu antecessor, Werner Baumann. Baumann foi fortemente criticado por sua decisão de adquirir a empresa agrícola, em vez de fortalecer a divisão farmacêutica da Bayer, e agora os efeitos dessa decisão estão se tornando evidentes.
Além dos problemas com a Monsanto, a divisão farmacêutica da Bayer está lidando com a expiração de patentes de medicamentos de grande sucesso. O encerramento de um teste em estágio avançado para o medicamento antitrombótico asundexian também levanta questões sobre a capacidade da divisão farmacêutica da Bayer de gerar crescimento nos próximos anos.
A Bayer informou que irá recorrer da decisão judicial relacionada à Monsanto, insistindo que o produto é seguro. No entanto, a empresa enfrenta uma segunda onda de processos ligados ao Roundup, o que poderia dificultar os esforços de Anderson para separar a divisão de agricultura do grupo, caso ele opte por esse caminho.
Assim, o novo presidente da Bayer está diante de um grande desafio ao tentar reverter a situação da empresa e reconstruir sua reputação no mercado. A reestruturação e o restabelecimento da confiança dos investidores e consumidores serão fundamentais para a recuperação da Bayer após essa queda histórica.