Abrigos de Animais em Alagoas Enfrentam Crise Severidade
Em Marechal Deodoro, um abrigo de animais liderado por Antônio Anastácio enfrenta um colapso financeiro que ameaça a vida de aproximadamente 2.500 cães e gatos sob seus cuidados. Sem o suporte necessário do poder público, o abrigo se vê em uma situação crítica, sustentado apenas por doações esparsas e uma confiança quase desesperada em fornecedores que ainda fornecem ração e medicamentos.
A realidade do abrigo é preocupante. Atrasos constantes no pagamento de funcionários e contas de energia têm se tornado uma rotina angustiante. “Tem dias em que não conseguimos ração. Os funcionários estão saindo, pois não temos como pagar”, desabafa Anastácio. O proprietário reafirma seu compromisso: “Se eu conseguir manter os cães com qualidade de vida, levarei esse abrigo até o meu último dia. Porém, se não houver apoio, não posso deixá-los viver em condições insalubres”.
Outro abrigo que aguarda auxílio é o Projeto Acolher, que atualmente abriga 400 animais, embora tenha capacidade para mil. A presidente, Naíne Teles, compartilha seu desespero: “Nunca vivi um momento tão difícil. Não recebo nenhum tipo de ajuda governamental, tudo o que conseguimos vem de doações.” As dificuldades emocionais também têm pesado sobre ela; Naíne menciona ter enfrentado depressão e ansiedade como consequência do estresse intenso ligado ao projeto. “Amo meus animais e não posso abandoná-los, mas a pressão é imensa. Eles sentem frio, dor e fome. Precisamos de ajuda”, lamenta.
Na visão de especialistas, a situação dos abrigos reflete uma falha nas políticas públicas voltadas à proteção animal. Para Pierre Barnabé, professor da Universidade Federal de Alagoas, é necessária uma abordagem mais consistente por parte do governo. Ele sugere que a educação da população sobre maus-tratos e cuidados com os animais deve ser priorizada, ao invés de apenas expandir a construção de abrigos.
“É preciso uma resposta mais ampla, que inclua conscientização e formação de cidadãos. O trabalho deve ser apoiado por diretrizes federais, municípios devem se engajar”, pondera. Barnabé menciona um projeto piloto da Ufal, onde houve significativas ações educativas e atendimento a mais de 300 denúncias relacionadas a maus-tratos.
Com a evidência de uma crise que se estende aos abrigos de animais, a necessidade de visibilidade e apoio se torna urgente. Esses espaços, além de abrigar animais em situação de vulnerabilidade, enfrentam um colapso que poderia ser evitado por uma colaboração efetiva entre a comunidade e as políticas públicas.