O evento ocorreu em 1994, quando Salgado se dirigiu a Ruanda com o intuito de documentar as terríveis consequências do genocídio que vitimou cerca de 800 mil pessoas, entre tutsis e hutus. Em meio a uma das suas jornadas, enquanto navegava de barco saindo da Tanzânia, ele e seu intérprete foram abordados por um grupo de tutsis armados. A tensão no ar era palpável, e a situação se tornava cada vez mais ameaçadora.
Foi nesse cenário de perigo iminente que a fama de Pelé entrou em cena. Salgado, reconhecido por seu trabalho fotográfico, havia se encontrado numa encruzilhada. Apesar do temor e da instabilidade política da região, o nome de Pelé, um ícone global, ajudou a abrir portas e mediou o confronto. Graças a essa conexão inesperada, o fotógrafo teve a chance de sair daquela situação sem ferimentos.
A trajetória de Salgado exemplifica não apenas a paixão pela fotografia, mas também a intrínseca relação entre arte e vida. Seu trabalho, que abrangeu diversas crises humanitárias e retratos da vida selvagem, sempre buscou dar voz àqueles que muitas vezes são invisíveis. A conexão com figuras como Pelé mostra como a notoriedade pode, em determinadas circunstâncias, trazer um alívio em momentos de angústia. A perda de Sebastião Salgado deixa um legado não apenas em forma de imagens, mas também ao lembrar da universalidade da solidariedade e da empatia, valores que ele promoveu incansavelmente em sua carreira.