5ª Feira Nacional da Reforma Agrária: MST Promove Conscientização e Experiências de Agricultura Sustentável entre Pequenos Produtores



Na culminância da 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, que se encerra no próximo domingo, o evento oferece uma rica oportunidade para compreender as dinâmicas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e as práticas de pequenos agricultores de todo o Brasil. Ao se conectar com esses trabalhadores, é possível perceber a evolução das suas experiências, especialmente em relação à conscientização ambiental, uma temática cada vez mais em foco em contraposição a gerações anteriores.

Realizada no Parque Estadual da Água Branca, em São Paulo, a feira é um reflexo das articulações coletivas que fortalecem a categoria profissional e seus desafios. Um dos participantes, Adailton Souza Santos, traz à tona sua trajetória desde a infância no cultivo de frutas na cidade de Juazeiro, na Bahia. Santos revela que sua formação como agricultor foi baseada no ensinamento do pai, que o inseriu no cotidiano da roça. No entanto, sua visão sobre a agricultura passou por uma transformação significativa após sua entrada no MST.

Aos 56 anos, e há 11 anos ativo no movimento, Santos enfrentou um processo de reeducação agronômica. O ponto de virada ocorreu durante uma reintegração de posse, em 2019, quando ele percebeu a necessidade urgente de mudar seus métodos de cultivo. “Hoje, graças à consciência adquirida no movimento, comecei a produzir de maneira correta e orgânica”, afirma, destacando a importância de uma agricultura que respeite a natureza. Essa mudança não é apenas uma questão de saúde ambiental, mas também de autopreservação.

Dados recentes elogiam o esforço dos pequenos agricultores, mas também ressaltam a persistência de desafios significativos. O relatório da Comissão Pastoral da Terra revela um aumento alarmante nas contaminações por agrotóxicos, uma realidade que se impõe como uma “arma de guerra”. Santos compartilha sua luta contra essa realidade, enfatizando a importância de produzir alimentos limpos para suas crianças, um verdadeiro símbolo do seu compromisso com um futuro mais saudável.

Além da conscientização local, a Feira Nacional também se estabelece como um espaço de internacionalização de propostas rurais, conectando o MST a diversos movimentos em outras partes do mundo. Com iniciativas como a Baobab, que facilita a interlocução entre comunidades do Sul Global, uma rede robusta se forma para compartilhar conhecimento e recursos. A organização se depara com um entrave crucial: a falta de maquinário adequadamente adaptado para as necessidades dos pequenos agricultores, maioria em um setor que desempenha um papel fundamental na economia nacional.

Enquanto muitos estados do Sul e Sudeste se beneficiam de maior mecanização, o Nordeste enfrenta uma disparidade significativa, o que limita a capacidade produtiva desses agricultores. O apelo por um suporte governamental mais efetivo é claro, com representantes exigindo políticas públicas que reconheçam a importância estratégica da agricultura familiar. O MST e suas contrapartes globais, encorajados pela recente mobilização, buscam não apenas subsídios, mas uma reestruturação completa das relações de poder e apoio no campo.

Em suma, a 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária não apenas celebra as conquistas do MST, mas também lança luz sobre a necessidade de um novo entendimento e valorização da agricultura familiar, ressaltando a urgência de ações que promovam a sobra em favor de práticas sustentáveis e saudáveis para as futuras gerações.

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