Yuval Noah Harari alerta sobre a divisão global promovida por Trump e os riscos da Inteligência Artificial como uma “inteligência alienígena”.

No último domingo, 17, o renomado historiador e autor Yuval Noah Harari, conhecido por suas obras impactantes como “Sapiens” e “Homo Deus”, trouxe à tona reflexões contundentes sobre as divisões geopolíticas contemporâneas durante sua participação na prévia do evento São Paulo Beyond Business (SP2B), realizado no Auditório do Parque Ibirapuera. Harari criticou o governo do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que sua administração tem fomentado uma era de “fortalezas” nacionais, marcadas por separações financeiras, culturais e físicas entre os países.

Harari destacou a crescente desunião global e alertou que essa lógica compartimentada tende a intensificar conflitos e disputas pelo poder entre nações. “Essas divisões não são simples barreiras; muitas vezes, elas se traduzem em hostilidades que podem levar a conflitos maiores”, afirmou o autor. A análise de Harari levanta preocupações sobre a abordagem imperialista da administração Trump, mencionando ações relacionadas à Groenlândia e à estratégia de influência no Canal do Panamá, que exemplificam essa dinâmica de controle e separação.

Em outro aspecto de sua fala, Harari abordou o crescente papel da Inteligência Artificial (IA) na sociedade moderna, descrevendo-a como uma “inteligência alienígena” devido à sua capacidade de gerar ideias e decisões que estão além da compreensão humana. Ele destacou a evolução da IA como um fenômeno que se autoconstrói, onde a interação humana se torna cada vez mais escassa frente ao seu desenvolvimento. Essa construção progressiva coloca em pauta novas possibilidades, como a criação de ideologias, sistemas monetários e até estratégias de poder militar que não dependem da lógica humana.

O filósofo enfatiza que, embora a IA traga consigo um potencial para resolver problemas como desastres climáticos e crises sanitárias, sua natureza complexa também oferece desafios significativos. “Devemos encarar a IA com um senso de responsabilidade, como se estivéssemos lidando com uma criança que aprende com seu ambiente”, ressaltou. Harari concluiu que o grande desafio será garantir que essa tecnologia evolua de maneira benéfica, promovendo a dignidade humana e a cooperação global. “Se conseguirmos desenvolver a IA de forma responsável, poderemos não apenas mitigar riscos, mas também criar um futuro mais promissor para todos nós”, finalizou.

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