De acordo com a pesquisa realizada pelo fórum, 80% das ameaças e 78% das lesões corporais contra as mulheres em dias de jogos de futebol são cometidas por companheiros ou ex-companheiros das vítimas. Isabella Matosinhos destacou que os homens respondem por 90% dos crimes letais contra as mulheres e enfatizou que a violência de gênero é um fenômeno complexo, com causas relacionadas a valores do patriarcado e à desigualdade de poder entre os gêneros.
A diretora-executiva do Instituto Avon, Daniela Grelin, também participou do debate e ressaltou a importância do futebol como uma grande paixão nacional. Segundo ela, 81% dos brasileiros têm muito interesse em futebol e 40% se declaram super fãs do esporte. Grelin defendeu que o futebol pode ser uma plataforma de educação cidadã e destacou a realização de campanhas de conscientização nos estádios como uma forma de mudar a cultura de violência.
No entanto, a representante do Ministério das Mulheres, Lucimara Rosana Cardozo, afirmou que o ministério já realiza um trabalho contra a violência de gênero nos estádios, por meio da campanha Feminicídio Zero. Ela ressaltou a importância de criar espaços de acolhimento para as vítimas de agressão nos estádios e mencionou que dez times da série A do futebol brasileiro já aderiram à campanha.
O projeto em discussão no Senado prevê a realização de campanhas de conscientização sobre a violência contra a mulher em eventos esportivos com mais de 10 mil participantes. A pesquisadora Isabella Matosinhos também destacou a necessidade de levar em conta fatores como raça e classe para combater a violência de gênero, lembrando que quase 70% das vítimas de crimes violentos em 2023 eram mulheres negras, em sua maioria, pobres.