Vereador de São Paulo é condenado à perda de mandato por preconceito contra judeus pela Justiça paulista. Cabe recurso.

A Justiça de São Paulo tomou uma decisão nesta semana que resultou na condenação do vereador Adilson Amadeu, do partido União Brasil, da capital paulista. O legislador foi considerado culpado por preconceito contra a comunidade judaica. Além da perda do mandato, Amadeu também terá que prestar serviços comunitários por dois anos e seis meses, além de pagar uma multa no valor de dez salários mínimos. É importante ressaltar que cabe recurso.

O caso teve início em julho de 2020, quando Amadeu foi denunciado por conta de um áudio enviado através do aplicativo WhatsApp, no qual ele associou o judaísmo ao que chamou de “sem-vergonhice grande”. Na gravação, o vereador fazia referência a Albert Einstein e ao Grupo Lide, afirmando que havia uma grande falta de ética por parte dessas instituições.

A sentença contra Adilson Amadeu foi assinada neste último sábado pela juíza Renata William Rached Catelli, da 21ª Vara Criminal da Barra Funda. Segundo a magistrada, o vereador praticou discriminação contra a etnia judaica e fez um discurso que “foi preconceituoso e extrapolou o direito à liberdade de expressão constitucionalmente previsto, contribuindo para perpetuar e reforçar processos de estigmatização contra o judaísmo”.

Em sua defesa, os advogados de Amadeu alegaram que ele sempre teve amizade com judeus e que o áudio em questão foi compartilhado apenas com amigos de infância, sendo direcionado à administração pública municipal e estadual durante a pandemia. A defesa também apresentou um pedido de desculpas enviado pelo vereador à Federação Israelita de São Paulo, porém, a entidade negou ter recebido tal mensagem.

A juíza responsável pelo caso considerou que o vereador associou a comunidade judaica a uma suposta manipulação das finanças mundiais, o que alimenta preconceitos contra os judeus. Ela destacou que Amadeu tem o direito de discordar da administração das finanças públicas, porém, não foi esse o intuito do réu de acordo com as palavras que ele utilizou no áudio.

Quanto ao argumento do vereador de que possui amigos judeus, a juíza considerou esse comportamento ainda mais racista. Segundo ela, a explicação dada por Amadeu demonstra que ele aceita a amizade de uma pessoa, mesmo ela sendo judia.

Até o momento, o vereador Adilson Amadeu não se pronunciou sobre o assunto. A decisão da Justiça de São Paulo evidencia a importância de combater o preconceito e a discriminação em todas as suas formas, principalmente no âmbito político, onde os representantes da sociedade devem exercer seus mandatos com ética e respeito às diversidades.

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