Além dessa situação alarmante, o paradeiro de pelo menos outros 245 venezuelanos e aproximadamente 30 salvadorenhos enviados ao país durante a campanha de deportação do ex-presidente americano Donald Trump ainda não foi esclarecido, de acordo com informações do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
A situação é crítica, pois os governos dos Estados Unidos e de El Salvador não se pronunciaram a respeito das denúncias emanadas da ONU. Durante seu mandato, Trump invocou a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 para acelerar a deportação de supostos membros de gangues, como o Tren de Aragua, grupo que seu governo categoriza como terrorista. Entre 20 de janeiro e 29 de abril, ao menos 142 mil pessoas foram deportadas dos EUA, conforme dados oficiais citados pela ACNUDH.
Informações coletadas de familiares e advogados dos venezuelanos deportados sugerem que muitos deles estão sendo mantidos no Centro de Confinamento de Terrorismo de El Salvador. O presidente salvadorenho Nayib Bukele, em um esforço para combater a criminalidade, ofereceu-se para abrigar esses deportados no centro, uma mega-prisão que pode acomodar até 40 mil detentos, projetada para operar isoladamente das áreas urbanas.
Volker Turk expressou preocupação com a possibilidade de que essas deportações estejam sendo realizadas sem o devido respeito aos direitos fundamentais garantidos por legislação internacional e americana. Ele destacou que os deportados enfrentam dificuldades em contestar sua detenção e muitos não foram informados previamente sobre o processo de deportação, nem sobre suas consequências.
O ACNUDH está solicitando ao governo de El Salvador o acesso ao centro de detenção, a fim de investigar as condições dos deportados e garantir que seus direitos sejam respeitados. Esta situação urgente exige uma resposta adequada das autoridades envolvidas e uma reflexão sobre as práticas de deportação que afetam populações vulneráveis.