Historicamente, as forças armadas latino-americanas, incluindo as da Venezuela, foram influenciadas pela doutrina militar dos EUA, que priorizava a contrainsurgência e a defesa de interesses geopolíticos americanos. No entanto, a chegada de Hugo Chávez ao poder e a promulgação da nova Constituição em 1999 representaram uma ruptura significativa. Segundo especialistas, isso mudou drasticamente a forma como a Venezuela enxerga a segurança e a defesa, enfatizando um modelo que prioriza a soberania nacional.
A nova doutrina militar venezuelana não apenas rejeita a influência externa, mas também incorpora elementos da história e da cultura do país. A Milícia Bolivariana, que se propõe como um “povo em armas”, não é vista apenas como uma força operacional, mas como um símbolo de resistência e unidade. O engajamento da sociedade nesse esforço é considerado crucial para a eficácia da defesa nacional, refletindo a ideia de que a luta deve transcender o campo militar convencional, envolvendo todos os cidadãos.
Esse novo paradigma se inspira na rica herança de resistência do povo venezuelano, que é ligado às lutas indígenas e afrodescendentes, bem como às batalhas da independência. A perspectiva de uma resistência popular, capaz de mobilizar a população em tempos de crise, é central para a estratégia de Maduro.
Por fim, a ativação das Unidades Comunais da Milícia não apenas fortalece a postura defensiva da Venezuela, mas também altera as dinâmicas geopolíticas da região, colocando em xeque as intenções dos EUA em relação ao país e seus recursos naturais. Essa nova abordagem enfatiza que a resistência da Venezuela não depende apenas da força militar, mas do espírito coletivo e da história de luta de seu povo.