Para produzir o pão e a salsicha feitos com larvas de mosca soldado negra, os pesquisadores desengorduraram as larvas, tornando-as de baixa caloria. O resultado obtido se assemelha ao de uma farinha, que foi misturada à farinha de trigo para fazer o pão e à carne bovina para fazer a salsicha. De acordo com os especialistas, as larvas substituíram cerca de 5% da carne bovina.
Os ingredientes adicionais das preparações incluem toucinho, sal, tempero, água e aditivos comuns em alimentos tradicionais. Trindade explicou que testes preliminares foram realizados antes de os alimentos serem avaliados por um grupo de voluntários. A salsicha obtida nesse processo apresentou o mesmo valor nutricional que a salsicha convencional, porém com menos calorias.
Os pesquisadores reconhecem que pode haver resistência em relação a comer alimentos feitos a partir de insetos, especialmente no ocidente. No entanto, eles argumentam que a estratégia adotada é fazer alimentos a partir de uma farinha, utilizando ingredientes já aceitos pela sociedade. Algumas empresas do ramo alimentício já mostraram interesse nos produtos desenvolvidos pelos pesquisadores e estão agendando visitas ao laboratório.
Além de contribuir para o combate à fome, a produção de alimentos a partir das larvas de mosca soldado negra apresenta benefícios ambientais. De acordo com Alessandra Lopes de Oliveira, a produção desses alimentos não libera gás metano, um dos principais responsáveis pelo efeito estufa, como acontece na criação de gado bovino. Além disso, a produção dos insetos requer menos espaço e recursos hídricos.
Marco Antonio Trindade ressaltou que o sabor da salsicha feita com as larvas não difere do sabor da salsicha convencional. Resta saber se a população se adaptará à ideia de consumir alimentos feitos a partir de insetos. Enquanto isso, os pesquisadores seguem empenhados em encontrar alternativas sustentáveis para garantir a segurança alimentar da população.
