Texto de José Arnaldo e Erika Basílio
Além de conectar instantaneamente pessoas a quilômetros de distância, o uso de redes sociais e ferramentas digitais é essencial, e cada vez mais necessário, não só para aproximar famílias e amigos, mas, também, para promover e divulgar serviços e produtos. Segundo dados da DataReportal, especializada em dados e relatórios sobre o comportamento digital global, em janeiro de 2025, 86,2% da população brasileira estava com acesso à internet.
Em 2024, o e-commerce brasileiro registrou um faturamento de R$ 204,3 bilhões, com 414,9 milhões de pedidos contabilizados pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). O que torna as ferramentas digitais indispensáveis para ampliação do público consumidor de micro e pequenas empresas (MPEs) e microempreendedores individuais (MEIs), com as vitrines virtuais de produtos.
Em Maceió, o artesão Vitor Afonso resolveu utilizar a arte com macramê, uma técnica artesanal e manual de tecelagem, que utiliza fios ou cordas, para criar peças e empreender. Com o incentivo da mãe, que já dominava a técnica, e de amigos, Afonso aprimorou suas habilidades com o artesanato e aumentou o interesse pelo tipo de produção.

“Como eu não tinha renda e não conseguia presentear meus amigos, eles falavam que aceitariam de presente alguma peça. Eles diziam que as peças que eu fazia eram bonitas e sugeriram que eu fizesse mais e colocasse para vender. Foi com esse incentivo que comecei a fazer peças diferentes. E, em 2021, com a ajuda e apoio do meu companheiro, abrimos a nossa lojinha, O Bosque das Artes”, explica Afonso.
Ainda segundo o artesão, a produção das peças o ajudou a sair da depressão e o motivou a se aprofundar na área e qualificar, tanto para poder atuar no e-commerce, quanto na divulgação dos produtos, realizando um material com mais qualidade, gerando a atração de clientes de todo o país. Hoje a loja realiza cerca de 600 vendas mensais, sendo que mais de 80% das compras são de clientes de fora de Alagoas.

“Já conseguimos enviar para vários estados do Brasil. A gente começou pelo Instagram, que ajudou a projetar o nosso trabalho para vários lugares e aumentou nossa demanda. Hoje a plataforma que tem ajudado a gente a enviar para outros estados é a Shopee, onde está grande parte dos nossos clientes. Recentemente também conseguimos vender pelo TikToK, o que está sendo muito legal”, comemora artesão.
A arte como produto
Buscando um diferencial no negócio, o artesão decidiu ir além e optou por peças estilizadas ou únicas. Para além das tradicionais pulseirinhas, buscou cursos, capacitações do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), vídeos na internet e novas técnicas, que o ajudou a criar coisas diferentes, unindo a técnica, a arte e a criatividades no desenvolvimento de novos produtos, o que vem agradando os clientes e atraindo novos consumidores.

“Nosso trabalho é valorizado por pessoas que realmente amam a arte, amam o trabalho e dão valor ao artesanato, mas existem aquelas pessoas que preferem muito o ouro ou a prata. Atualmente trabalhamos com macramê, com linhas enceradas, usando com pedras naturais e fazendo colares, pulseiras, brincos e anéis. Desde peças únicas a peças personalizadas para ser do agrado do cliente”, ressalta o artesão.
O cenário do artesanato
Dados do Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab), da Secretaria Nacional do Artesanato e do Microempreendedor Individual (SNAMI) do Ministério do Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte (MEMP), apontam que, até abril de 2025, Alagoas contava com 17.772 artesões cadastrados, sendo o quarto estado do Brasil no ranking de profissionais cadastrados, estando atrás dos estados do Ceará, com 23.534, Bahia, com 19.295 e Rio de Janeiro, com 18.748.
O artesanato contribui para a economia de 67% dos municípios brasileiros e movimenta cerca de R$ 100 bilhões ao ano. De acordo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor é responsável por 3% do PIB brasileiro, gerando renda para mais de 8,5 milhões de artesões em todo o país. Contudo, no Sicab, apenas 233.339 profissionais do artesanato são cadastrados no sistema.
Oportunidade de vendas
Buscando ampliar o público local, promover vendas presencialmente e exibir os produtos, o Artesão também participa de feiras comunitárias promovidas por movimentos e instituições públicas e privadas. Recentemente, Afonso e Luiz Miguel, seu companheiro, idealizadores do Bosque das Artes, foram selecionados para 2ª Feira de Cultura e Empreendedorismo LGBT+, promovida pela Secretaria Municipal da Mulher, Pessoas com Deficiência, Idosos e Cidadania (Semuc) do Município de Maceió.
Durante a Feira, que aconteceu nos dias 16 e 17 de maio, 23 expositores apresentaram suas obras. Entre eles a artesã Cristiana Costa Silva, idealizadora do Coisas da Cris, atua com artesanato desde 2017. Após sair do emprego de vendedora em uma indústria, teve o interesse em aprimorar a arte e técnica que já dominava, mas que só compartilhava com amigos e familiares.

Trabalhando com arte livre, na área de pintura e de customização, a artesã realiza suas obras com pintura em tela, cerâmica, cabaça e outros elementos. A artesã vem trabalhando com encomendas e peças a pronta entrega, sempre participa de feiras e eventos para divulgar para o turismo e ter a oportunidade de expor o trabalho. Para ela, as oportunidades e a qualificação profissional são essenciais.

“A gente tem as oportunidades, mas ainda precisa mais, porque cada vez mais está crescendo o empreendedorismo. O Sebrae, por exemplo, ele dá oportunidade para o empreendedor, promovendo as feiras, os eventos e dá oportunidade para o turismo, vê a nossa cultura e a gente vai se qualificando, se preparando cada vez mais para mostrar a nossa cultura, a nossa arte, que é muito grandiosa aqui no estado”, exalta a artesã.