Desde 2016, quando o então presidente Tabaré Vázquez aventou a possibilidade de um acordo de livre comércio com a China, o Uruguai tem tentado negociar sua adesão a um entendimento comercial mais amplo entre o bloco do Mercosul e o país asiático. O desejo de avançar com essa iniciativa, no entanto, esbarrou na resistência de Argentina e Brasil, que têm uma longa tradição de proteger suas indústrias locais. Essa relutância impediu que o Uruguai alcançasse seus objetivos comerciais, mesmo com sucessivos governos defendendo a necessidade de um acordo.
No dia 4 de novembro de 2025, em uma reunião com o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, Orsi destacou a importância do Uruguai na liderança do Mercosul, a ser exercida a partir de julho de 2026. A expectativa por parte da China é que essa nova posição possa facilitar um entendimento comercial mais robusto entre as partes.
Especialistas têm divergido sobre a viabilidade de um acordo. Marcos Soto, especialista em negócios internacionais, alerta que as tensões internas do Mercosul ainda persistem e a falta de consenso dificulta a criação de um tratado que beneficie o bloco. Ele reitera que, apesar das boas relações entre China e Brasil, as condições atuais não são propícias para avanços significativos.
Entretanto, para Ignacio Bartesaghi, a busca por uma aproximação com a China deve ser mantida, já que a nação asiática valoriza o potencial uruguaio. Bartesaghi lembra que, enquanto outros países do bloco hesitam, o Uruguai tem a oportunidade de se posicionar como um parceiro preferencial, especialmente por ter permanecido fora da recente tensão comercial entre Estados Unidos e China.
Com a presidência da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) em 2026, o Uruguai poderá ainda ampliar sua influência, promovendo discussões sobre temas relevantes para a região, que alinham interesses latino-americanos e chineses. Essa liderança pode abrir novas oportunidades para acordos comerciais e para o aprofundamento das relações com a China, reafirmando o papel do Uruguai na geopolítica sul-americana e na economia global.
