Urano e Netuno Revelam Interior Mais Rochoso e Dinâmico do que se Imaginava, Sugere Estudo Recente que Desafia Conceitos Clássicos sobre os Gigantes de Gelo.

Um recente estudo científico vem desafiando a interpretação tradicional sobre a composição de Urano e Netuno, os dois planetas congelados do Sistema Solar. Historicamente classificados como “gigantes de gelo”, eles foram considerados predominantemente compostos por metano, água e outros voláteis que, sob altas pressões, assumem uma forma sólida. Contudo, as novas evidências sugerem que esses mundos gelados poderiam ser, na verdade, muito mais rochosos do que se imaginava até agora.

Pesquisadores da Universidade de Zurique e do NCCR PlanetS propuseram, em suas publicações na revista Astronomy & Astrophysics, que os núcleos de Urano e Netuno contêm uma quantidade significativamente maior de rocha do que o modelo clássico sugere. Essa descoberta é importante, pois altera não apenas nossa compreensão da estrutura interna desses planetas, mas também tem implicações para o entendimento dos processos geológicos que ocorrem em seus interiores. Os cientistas descobriram indícios de convecção — um fenômeno também observado na Terra — que poderia estar acontecendo nas profundezas desses planetas, apontando para uma dinâmica mais complexa do que se pensava.

A habilidade de classificar os planetas em grupos distintos — como os rochosos, os gigantes gasosos e os gigantes de gelo — baseou-se principalmente na proximidade ao Sol e na presença de substâncias voláteis congelados. No entanto, o novo estudo desafia essa categorização. Com apenas uma visita espacial a Urano, realizada pela sonda Voyager 2 há quase quatro décadas, a informação sobre esses gigantes ainda é bastante limitada. Para preencher essa lacuna, os pesquisadores desenvolveram um método que simula os interiores planetários de forma inovadora, utilizando perfis de densidade e cálculos gravitacionais.

Os resultados obtidos mostram que modelos que não partem da premissa de que o interior desses planetas é dominado pela água se adequam melhor aos dados disponíveis, fazendo com que Urano e Netuno possam ser considerados em sua maioria rochosos. Essa teoria também traz novas luzes sobre os campos magnéticos peculiares desses planetas, que apresentam características não típicas, como múltiplos polos. O estudo sugere que camadas de “água iônica” podem estar gerando dínamos magnéticos em locais específicos, o que ajudaria a explicar essa excentricidade.

Embora esses avanços sejam promissores, é fundamental destacar que ainda há incertezas. Portanto, uma nova missão dedicada a explorar Urano e Netuno torna-se cada vez mais necessária, não apenas para validar essas novas teorias, mas também para aprofundar o conhecimento sobre a matéria em condições extremas. O desvio das suposições tradicionais proporciona um caminho empolgante para futuras investigações em astronomia, estimulando novas perguntas sobre a formação e a evolução dos planetas do nosso Sistema Solar.

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