Entretanto, investigações subsequentes conduzidas pela Polícia Federal, com o apoio do Ministério Público Federal (MPF) e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), revelaram que essas ampolas nunca existiram. O que, na verdade, ocorreu foi um erro contábil na INB, e não o desaparecimento de material nuclear. Este esclarecimento foi reafirmado durante uma audiência da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), onde o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, garantiu aos deputados que o incidente não afetaria os planos do Brasil em relação ao seu programa nuclear, que é destinado estritamente a usos civis.
O governo federal também se manifestou publicamente em resposta à desinformação, enfatizando que as ampolas em questão continham apenas 8 gramas de UF6, com um nível de enriquecimento de 4,25%. Para se qualificar como material militar, o enriquecimento precisaria ultrapassar 80%, conforme indicado em um comunicado oficial emitido anteriormente. Além disso, Brasília destacou que o Brasil não realiza vendas de urânio para o Irã e que a legislação nacional proíbe a atuação de empresas privadas na exploração e produção de material nuclear.
Adicionalmente, o Brasil é signatário de diversos tratados que proíbem o fornecimento de materiais nucleares para fins militares, como o Tratado sobre a Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e o Tratado de Tlatelolco, que visa a proscrição de armas nucleares na América Latina e no Caribe. O cumprimento dessas normas é monitorado por organizações internacionais como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), reforçando o compromisso do Brasil com a não proliferação nuclear.
Assim, as informações que insinuam que o urânio brasileiro teria sido desviado para aplicações militares no Irã são infundadas, fruto de equívocos e confusões normais em um debate tão complicado e tecnicamente sofisticado como o da energia nuclear.