Urânio Brasileiro: Acusações de Desvio para Irã Refutadas; Ministério Explica Erro Contábil e Reforça Destinação Civil do Material Nuclear.

Nos últimos meses, uma onda de desinformação tem circulado nas redes sociais, levantando suspeitas sobre a destinação de urânio brasileiro para o programa nuclear do Irã, supostamente para fins militares. As alegações surgiram após o que muitos interpretaram como o desaparecimento de ampolas de hexafluoreto de urânio (UF6) das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) em julho de 2023. Na ocasião, a INB informou que os tubos foram perdidos durante uma transferência interna na Fábrica de Combustível Nuclear localizada em Resende, no Rio de Janeiro.

Entretanto, investigações subsequentes conduzidas pela Polícia Federal, com o apoio do Ministério Público Federal (MPF) e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), revelaram que essas ampolas nunca existiram. O que, na verdade, ocorreu foi um erro contábil na INB, e não o desaparecimento de material nuclear. Este esclarecimento foi reafirmado durante uma audiência da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), onde o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, garantiu aos deputados que o incidente não afetaria os planos do Brasil em relação ao seu programa nuclear, que é destinado estritamente a usos civis.

O governo federal também se manifestou publicamente em resposta à desinformação, enfatizando que as ampolas em questão continham apenas 8 gramas de UF6, com um nível de enriquecimento de 4,25%. Para se qualificar como material militar, o enriquecimento precisaria ultrapassar 80%, conforme indicado em um comunicado oficial emitido anteriormente. Além disso, Brasília destacou que o Brasil não realiza vendas de urânio para o Irã e que a legislação nacional proíbe a atuação de empresas privadas na exploração e produção de material nuclear.

Adicionalmente, o Brasil é signatário de diversos tratados que proíbem o fornecimento de materiais nucleares para fins militares, como o Tratado sobre a Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e o Tratado de Tlatelolco, que visa a proscrição de armas nucleares na América Latina e no Caribe. O cumprimento dessas normas é monitorado por organizações internacionais como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), reforçando o compromisso do Brasil com a não proliferação nuclear.

Assim, as informações que insinuam que o urânio brasileiro teria sido desviado para aplicações militares no Irã são infundadas, fruto de equívocos e confusões normais em um debate tão complicado e tecnicamente sofisticado como o da energia nuclear.

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