Após 26 anos de negociações, a expectativa era que o pacto eliminasse gradualmente tarifas sobre quase todos os produtos comercializados entre os países da UE e do Mercosul ao longo de 15 anos. No entanto, a resistência de setores agrícolas, que temem a concorrência desleal, e a oposição de líderes políticos influentes como a presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, resultaram na decisão de postergar a assinatura.
Agricultores demonstraram em Bruxelas, bloqueando estradas e realizando manifestações que culminaram em confrontos com a polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo. As preocupações dos agricultores foram reforçadas por alertas de que o acordo poderia comprometer significativamente seus meios de subsistência, intensificando o apoio político a movimentos de extrema-direita dentro da Europa.
A França tem liderado a resistência ao acordo, com a Itália se unindo à oposição de última hora. As negociações para o adiamento foram conduzidas marginalmente à cúpula da UE, e um compromisso foi acertado: a Itália votaria a favor do acordo em janeiro, sob promessa de futuras discussões sobre suas preocupações.
O adiamento do acordo levanta questões sobre a credibilidade da UE como um ator global, especialmente em um cenário geopolítico marcado por tensões comerciais com potências como Estados Unidos e China. Especialistas destacam que um impasse nesse tipo de negociação pode afetar não apenas as relações comerciais, mas também a imagem da UE em um momento onde busca consolidar parcerias internacionais.
À medida que a UE enfrenta a necessidade de se afirmar no comércio global, continua a pressão para que soluções viáveis sejam encontradas, promovendo um equilíbrio adequado entre os interesses comerciais e a proteção de setores vulneráveis. A expectativa agora recai sobre como as partes envolvidas conseguirão resolver essas tensões até a nova data de assinatura prevista.







