Com 344 páginas, o livro de Luiz Eduardo Andrade apresenta uma análise inédita da obra de Cornélio Penna, utilizando conceitos como biopolítica e homo sacer para abordar os quatro romances do autor fluminense. A pesquisa revela que Cornélio é muito mais do que um escritor sombrio e gótico, sendo sim um intérprete do Brasil, ao lado de nomes como Graciliano Ramos, Machado de Assis e Euclides da Cunha.
Ao analisar obras como “Fronteira”, “Dois romances de Nico Horta”, “Repouso” e “A menina morta”, Luiz Eduardo identifica as denúncias presentes na escrita de Cornélio, especialmente em relação à utilização dos corpos das mulheres e dos escravizados para a manutenção dos poderes ideológico, político e econômico. O autor destaca a crítica à vida privada operada pelo romancista, que lança luz sobre os processos de sujeição e abandono presentes na sociedade retratada por Penna.
Através de enredos ambientados entre os séculos XIX e XX, os romances de Cornélio Penna exploram núcleos familiares patriarcais, a escravidão e uma pequena cidade mineira, inspirada nas memórias do próprio autor. Luiz Eduardo ressalta a forma como as personagens do escritor lidam com a estrutura de poder, principalmente através do trabalho e do casamento, mediados pela obediência.
A morte é um elemento recorrente na obra de Cornélio Penna, servindo como um signo que expõe o vazio do núcleo de poder na sociedade descrita pelo autor. Segundo Luiz Eduardo, a literatura de Cornélio vai além de uma simples interpretação do Brasil, envolvendo a denúncia de questões nacionais e a reflexão sobre as tensões presentes na formação do país.
O lançamento do livro “Vidas matáveis em Cornélio Penna” foi marcado por um bate-papo entre o autor e o poeta Antonio Carlos Sobrinho, realizado no Miniauditório Hiliônia Ceres, na Faculdade de Letras da Ufal. Com um preço de R$ 70,00, a obra promete abrir novos horizontes para a compreensão da literatura de Cornélio Penna e de sua relevância no cenário literário brasileiro.