De acordo com o pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Ricardo Miranda, os recifes de coral são a estrutura física dos ecossistemas marinhos, proporcionando abrigo e suporte para diversos organismos. “Se compararmos um prédio, os corais seriam os tijolos e as vigas. Ao morrerem, eles comprometem não apenas a saúde do seu próprio recife, mas também toda a cadeia alimentar e o equilíbrio do ecossistema. Além disso, o turismo e a pesca também são impactados, já que as pessoas querem ver corais saudáveis e coloridos”, explica.
Um dos principais fatores que ameaçam a existência dos corais é o aquecimento global. O aumento da temperatura da água do mar tem levado ao branqueamento dos corais. Esse fenômeno ocorre quando as microalgas que vivem nos tecidos dos corais são expulsas, devido à produção de uma substância tóxica. Isso faz com que os corais fiquem com uma coloração esbranquiçada. O branqueamento é reversível, mas depende da restauração dos níveis normais de temperatura da água do mar.
No entanto, segundo Ricardo Miranda, esse restabelecimento não está acontecendo com a mesma frequência de antes e segue uma tendência global. Os corais brasileiros, especialmente os de Alagoas, estão morrendo a taxas maiores do que há 30 anos. As ondas de calor têm se tornado mais frequentes e intensas, causando picos de temperatura que comprometem a sobrevivência dos corais.
Diante desse cenário preocupante, a Ufal está liderando uma expedição para monitorar os recifes de coral situados na APA Costa dos Corais, que abrange o litoral alagoano. O objetivo é avaliar a resposta dos corais antes, durante e depois do pico de temperatura previsto para o verão de 2023/2024, devido ao fenômeno do El Niño. A expedição, coordenada pelos pesquisadores Robson Santos e Ricardo Miranda, conta com a participação de outros professores e estudantes de pós-graduação.
Durante a expedição, estão sendo realizadas diversas ações, como coleta de dados, monitoramento da temperatura da água, fotografia subaquática dos corais em alta resolução e estimativas das populações de peixes dos recifes. Além disso, está sendo feito um mapeamento da estrutura física do substrato dos recifes para avaliar as possíveis alterações causadas pela morte dos corais depois do branqueamento.
O projeto, financiado pela Fapeal e pelo CNPq, busca entender as consequências das mudanças climáticas sobre a saúde dos ecossistemas recifais. Os pesquisadores destacam que os recifes de coral oferecem alimento e renda para a população local por meio da pesca e do turismo. Portanto, a preservação desses ecossistemas é fundamental não apenas para a sobrevivência dos corais, mas também para a sustentabilidade econômica das comunidades costeiras.
Novas expedições de campo estão previstas para os próximos meses. O objetivo é ampliar o conhecimento sobre as espécies de corais e peixes da costa alagoana e avaliar a resposta desses organismos diante do aumento da temperatura da água do mar. A pesquisa faz parte do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD) Costa dos Corais, em parceria com o Lamarc- Ufal e conta com a participação de diversas instituições e cientistas especializados na área.