Intitulado “Revealing shared molecular drivers of brain metastases from distinct primary tumors”, o estudo publicado na revista Brain Research analisou mais de 128 mil células individuais de 36 metástases cerebrais derivadas de diversos tipos de câncer, como melanoma, câncer de mama, pulmão, ovário, colorretal e renal. Dentre os pesquisadores envolvidos, destacam-se o professor Carlos Alberto de Carvalho Fraga, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e o imunologista Helder Nakaya, da Universidade de São Paulo (USP) e do Hospital Israelita Albert Einstein.
A pesquisa focou na dinâmica da barreira sangue-tumor e suas interações com células endoteliais, pericitos e astrócitos. O estudo revelou o papel essencial dos astrócitos no microambiente tumoral cerebral, influenciando a permeabilidade da barreira sangue-tumor e facilitando a colonização tumoral.
Foi identificado que as vias moleculares fundamentais na formação das metástases cerebrais são VEGFA, SEMA3 e SPP1, regulando a permeabilidade vascular e a dinâmica celular dentro do cérebro. Essas descobertas apontam para a complexidade das interações celulares que sustentam o crescimento do tumor no cérebro e indicam novas possibilidades terapêuticas.
Para a análise, os cientistas utilizaram tecnologias de sequenciamento de RNA de célula única, possibilitando o mapeamento detalhado do perfil molecular de cada célula nas metástases cerebrais. Ferramentas computacionais avançadas, como o pacote Seurat e o Cell Chat, foram essenciais para a identificação das interações moleculares.
As descobertas desse estudo representam um avanço significativo no entendimento das metástases cerebrais e apontam para a necessidade de novas investigações para validar os alvos moleculares identificados em ensaios clínicos. A integração de dados de transcriptoma espacial e de célula única pode ser crucial para o desenvolvimento de terapias mais eficazes e personalizadas para essa grave complicação do câncer.