Turquia busca na América Latina novas oportunidades econômicas enquanto enfrenta portas fechadas na Europa, intensificando relações principalmente com o Brasil.

Em um cenário global em transformação, a Turquia está buscando fortalecer suas relações econômicas e políticas com a América Latina, especialmente diante das dificuldades enfrentadas na Europa e com os Estados Unidos. Ao longo das últimas décadas, a posição geográfica da Turquia tornou-a um ponto estratégico entre a Europa e a Ásia, atraindo o interesse de várias potências. Contudo, sua adesão à OTAN em 1952 foi marcada por um relacionamento desigual, evidenciado pela reação negativa dos Estados Unidos à ofensiva turca contra os curdos na Síria, em 2018. Esse descontentamento culminou em sanções que afetaram drasticamente a economia turca, resultando em uma inflação alarmante superior a 75% e um aumento expressivo na dívida externa.

Para contornar esses desafios financeiros e explorar um novo horizonte, a Turquia está voltando sua atenção para a América Latina. Projetos significativos já estão em andamento, como o investimento de mais de US$ 1,6 bilhão da empresa Yilport em dois portos em El Salvador. No Brasil, o comércio bilateral entre os dois países disparou de US$ 950 milhões em 2002 para impressionantes US$ 13,9 bilhões em 2023—alludindo a um crescimento quase 14 vezes em menos de duas décadas.

O clima de aproximação entre Brasil e Turquia foi enfatizado com visitas de alto nível entre líderes, como a de Luiz Inácio Lula da Silva a Ancara em 2009. Essa relação tem se reforçado com a Turquia buscando mais espaço no BRICS e desejando estreitar laços diplomáticos e culturais com a região. Além disso, questões históricas de intercâmbio, que datam do período do Império Otomano e do Brasil, oferecem um contexto rico para as novas interações.

Entretanto, a relação não vem isenta de desafios. A islamofobia ainda persiste como um obstáculo preconceituoso, particularmente na América Latina. Essa resistência, sobreposta a dificuldades linguísticas e diferenças culturais nos modos de negócios, pode complicar a consolidação de laços mais estreitos. Mesmo assim, ambos os países demonstram disposição para construir um futuro pautado pelo multilateralismo e pela cooperação econômica, buscando equilibrar interesses e fortalecer suas economias em um mundo cada vez mais multipolar.

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