O único voto contrário foi da deputada republicana Clay Higgins, que expressou preocupações de que a divulgação extensiva das informações pudesse prejudicar pessoas inocentes, como testemunhas e familiares. No Senado, a passagem do projeto ocorreu por consentimento unânime, sem necessidade de longas discussões, refletindo uma aliança incomum entre legisladores de diferentes partidos em prol da transparência.
O caso Jeffrey Epstein é marcado por grandes polêmicas. Epstein, um financista com fortes vínculos em esferas políticas e sociais, foi preso em 2019 sob acusações de tráfico sexual de menores e pela operação de uma rede de exploração sexual. Muitas das vítimas eram jovens vulneráveis e socialmente fragilizadas. O bilionário, no entanto, foi encontrado morto em sua cela em agosto do mesmo ano, numa morte que oficial e amplamente foi classificada como suicídio. Sua lista de contatos famosos inclui figuras como Donald Trump, Bill Clinton e o Príncipe Andrew, o que traz à tona questionamentos sobre possíveis conexões entre eles.
A nova legislação obriga que todos os registros de investigação não classificados sejam disponibilizados ao público por meio do site do Departamento de Justiça. Isso inclui comunicações, documentos investigativos e relatórios, devendo estar acessíveis em até 30 dias após a sanção. Apesar disso, a lei prevê que informações que possam comprometer investigações em andamento ou a identidade de vítimas possam ser protegidas. Adicionalmente, o Departamento de Justiça será obrigado a apresentar uma lista de “pessoas politicamente expostas” mencionadas nos documentos ao Congresso.
Contudo, a adesão de Trump a essa demanda por transparência representa uma transformação notável em seu posicionamento. Anteriormente, o presidente havia desqualificado tais exigências como uma “fraude democrática”. A pressão aumentou, especialmente após a publicação de uma suposta carta que ele teria enviado a Epstein, gerando novas especulações sobre sua proximidade com o financista. Embora Trump tenha negado a autenticidade da carta, insistindo que não desenha mulheres, a situação iluminou a necessidade de transparência e desvendamento das conexões entre figuras proeminentes e Epstein.
Diante de investigação e pressão crescente, até mesmo de membros de sua base política, Trump alterou seu posicionamento e passou a apoiar a divulgação dos arquivos, instruindo aliados a votarem a favor da legislação. Essa reviravolta não apenas destaca a complexidade política que envolve o caso Epstein, mas também marca um momento chave na busca por mais transparência em casos envolvendo figuras públicas.
