Trump Intensifica Guerra Contra Drogas: Análise Aponta Risco de Ação Militar na América Latina

Nos últimos tempos, a administração de Donald Trump tem intensificado sua retórica contra o narcotráfico em uma tentativa de justificar uma intervenção militar na América Latina. Recentemente, o senador Mike Lee, um dos aliados mais próximos de Trump, defendeu a utilização de cartas de corso, que são autorizações históricas que permitiriam que empresas privadas se engajassem em ações contra cartéis de drogas, operando em busca de lucro. O conceito, que remonta ao período colonial, foi considerado ilegal pela Convenção de Paris de 1856, mas os EUA não são signatários desse tratado.

Erik Prince, fundador da controversial empresa militar Blackwater, foi o responsável por sugerir essa ideia ao senador Lee. Ele argumenta que essa abordagem poderia ser uma solução viável para lidar com a violência dos cartéis, aproveitando-se dos bens confiscados no processo. Essa estratégia, porém, levanta questionamentos éticos e legais, além de possíveis repercussões geopolíticas, especialmente no contexto da luta contra o narcotráfico que historicamente têm resultado em mais violência e instabilidade.

A administração Trump já deu indícios de que irá classificar cartéis de drogas como organizações terroristas internacionais. Essa nova característica associativa entre narcotráfico e terrorismo poderia abrir caminho para uma ação militar legitimada pelo governo, permitindo o confisco de bens e o monitoramento de comunicações de indivíduos vinculados a essas organizações.

Analistas acreditam que essa movimentação é um reflexo do desejo renovado dos EUA de aumentar seu controle geopolítico na região. Entretanto, a designação de grupos como terroristas também pode ser usada estrategicamente para fortalecer aliados como o presidente salvadorenho Nayib Bukele, enquanto diminui a influência de inimigos, como o governo venezuelano de Nicolás Maduro.

Por outro lado, as questões relacionadas a organizações brasileiras, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho, parecem não estar na agenda imediata do governo dos EUA, pois, enquanto não houver riscos diretos aos interesses norte-americanos, esses grupos não são considerados uma ameaça prioritária.

A atual guerra às drogas liderada pelos EUA é vista por muitos como um fracasso em resolver problemas sociais profundos, como o vício e o abuso de substâncias como o fentanil. Apesar disso, ela se mostra um instrumento de ação militar que perpetua a presença norte-americana na América Latina, levantando questões complexas sobre o poder, a segurança e a saúde pública regionais.

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