Erik Prince, fundador da controversial empresa militar Blackwater, foi o responsável por sugerir essa ideia ao senador Lee. Ele argumenta que essa abordagem poderia ser uma solução viável para lidar com a violência dos cartéis, aproveitando-se dos bens confiscados no processo. Essa estratégia, porém, levanta questionamentos éticos e legais, além de possíveis repercussões geopolíticas, especialmente no contexto da luta contra o narcotráfico que historicamente têm resultado em mais violência e instabilidade.
A administração Trump já deu indícios de que irá classificar cartéis de drogas como organizações terroristas internacionais. Essa nova característica associativa entre narcotráfico e terrorismo poderia abrir caminho para uma ação militar legitimada pelo governo, permitindo o confisco de bens e o monitoramento de comunicações de indivíduos vinculados a essas organizações.
Analistas acreditam que essa movimentação é um reflexo do desejo renovado dos EUA de aumentar seu controle geopolítico na região. Entretanto, a designação de grupos como terroristas também pode ser usada estrategicamente para fortalecer aliados como o presidente salvadorenho Nayib Bukele, enquanto diminui a influência de inimigos, como o governo venezuelano de Nicolás Maduro.
Por outro lado, as questões relacionadas a organizações brasileiras, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho, parecem não estar na agenda imediata do governo dos EUA, pois, enquanto não houver riscos diretos aos interesses norte-americanos, esses grupos não são considerados uma ameaça prioritária.
A atual guerra às drogas liderada pelos EUA é vista por muitos como um fracasso em resolver problemas sociais profundos, como o vício e o abuso de substâncias como o fentanil. Apesar disso, ela se mostra um instrumento de ação militar que perpetua a presença norte-americana na América Latina, levantando questões complexas sobre o poder, a segurança e a saúde pública regionais.