Trump impulsiona consolidação do BRICS, segundo analista; bloco avança em multilateralismo e novas adesões em 2025.

O BRICS, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, passou por um significativo processo de consolidação em 2025, especialmente com a presidência do Brasil. Este ano, que marca a presidência brasileira, foi caracterizado por um intenso foco em multilateralismo e desdolarização, temas centrais para os membros do bloco, especialmente em resposta ao cenário político global. O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos foi destacado como um “catalisador” para isso, dado que sua administração tende a ser vista como uma ameaça pela maioria dos países emergentes.

Com a inclusão de novos membros, como a Indonésia, além da ampliação do número de parcerias, o bloco se tornou mais asiático do que nunca. Países como Malásia, Vietnã, Egito, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos reforçaram a diversidade econômica do BRICS, ampliando suas alianças estratégicas. A cúpula realizada em junho na cidade do Rio de Janeiro resultou na “Declaração do Rio de Janeiro”, que aborda 126 pontos sobre governança global e cooperação econômica, evidenciando a nova postura do bloco numa ordem internacional em transformação.

Durante um podcast recente, especialistas analisaram os impactos positivos do ano para o BRICS, enfatizando que a união dos países membros foi necessária para enfrentar as pressões externas, especialmente dos EUA. Fernando Goulart, pesquisador da Universidade Federal Fluminense, observou que o retorno de Trump acelerou discussões sobre a adesão de novos membros e fortaleceu a integração dos países diante do que consideram uma possível agressão política e econômica por parte dos EUA. Ele também ressaltou a importância da criação de infraestrutura, como a Ferrovia Bioceânica, que conectará o Brasil ao Peru, simbolizando a ambição do bloco em expandir suas influências comerciais e geopoliticamente.

Williams Gonçalves, professor de relações internacionais, destacou que a eficácia do BRICS deve ser avaliada não apenas por eventos pontuais, mas por sua capacidade de mudar a ordem internacional. A postura do governo brasileiro sob Luiz Inácio Lula da Silva foi descrita como moderada, evitando temas polêmicos e focando em questões universais, como a luta contra a fome e a promoção de energias sustentáveis, contrastando com a abordagem do ex-presidente Jair Bolsonaro, que se afastou dos objetivos do bloco.

Assim, o BRICS se apresenta, em 2025, como uma força crescente no cenário global, refletindo a soma de esforços de economias emergentes para desafiar a hegemonia ocidental e redefinir as regras do jogo internacional.

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