A crescente influência da China na América Latina, notadamente na Bolívia e no Brasil, complica o cenário para os EUA. As novas lideranças desses países, como Gustavo Petro e Luiz Inácio Lula da Silva, têm buscado estratégias que priorizam a autonomia em detrimento da dependência de poderes externos, levantando preocupações em Washington sobre a perda de influência. Recentemente, o Peru autorizou a presença militar americana sob o pretexto de garantir segurança interna, levando analistas a ponderarem sobre o real objetivo dessa movimentação.
Os especialistas divergem em suas análises. José Augusto Zague, da Universidade Estadual Paulista, vê as declarações de Trump como um discurso destinado a manter sua relevância política tanto para o seu eleitorado quanto para aliados mais radicais. Ele acredita que qualquer movimentação militar seria teórica, dada a resistência interna que isso enfrentaria. Já Hector Saint-Pierre sugere que o discurso de Trump reflete uma grande potência em decadência, sem um entendimento mais profundo da realidade sul-americana.
A pedido de situações geopolíticas mais amplas, a presença militar dos EUA na região pode passar a ter uma nova configuração. Historicamente, a Colômbia serviu como base para os interesses americanos, mas as novas tecnologias e aproximações políticas sugerem a necessidade de um novo paradigma, onde o poder militar pode dar lugar a outras formas de influência, como a atuação de grandes empresas de tecnologia.
As tensões geopolíticas se acentuam quando se considera que a estratégia de Trump pode também buscar reafirmar a presença dos EUA em zonas comerciais cruciais, como é o caso do Canal do Panamá. O debate sobre a atualização da política dos EUA na América do Sul ficará em evidência, à medida que os países da região se movem em direção a novas alianças, estabelecendo um caminho potencial para a ampliação da influência de potências como a China e a Rússia, em meio ao que se caracteriza como um realinhamento político no continente.