Trump expressa desejo de retomar controlo do Canal do Panamá e analistas discutem possíveis intervenções na América do Sul sem a necessidade de tropas.

No discurso proferido após sua posse no dia 20 de janeiro de 2025, Donald Trump deixou claro seu interesse em rever a influência dos Estados Unidos na América do Sul, especialmente em relação ao Canal do Panamá. Desde sua inauguração em 1914 até sua devolução ao Panamá em 1999, o canal foi um símbolo do poder americano na região. Trump insinuou que uma intervenção militar poderia ser considerada, alegando que a China estaria se tornando a principal força controladora da passagem, embora especialistas questionem a veracidade dessa afirmação.

A crescente influência da China na América Latina, notadamente na Bolívia e no Brasil, complica o cenário para os EUA. As novas lideranças desses países, como Gustavo Petro e Luiz Inácio Lula da Silva, têm buscado estratégias que priorizam a autonomia em detrimento da dependência de poderes externos, levantando preocupações em Washington sobre a perda de influência. Recentemente, o Peru autorizou a presença militar americana sob o pretexto de garantir segurança interna, levando analistas a ponderarem sobre o real objetivo dessa movimentação.

Os especialistas divergem em suas análises. José Augusto Zague, da Universidade Estadual Paulista, vê as declarações de Trump como um discurso destinado a manter sua relevância política tanto para o seu eleitorado quanto para aliados mais radicais. Ele acredita que qualquer movimentação militar seria teórica, dada a resistência interna que isso enfrentaria. Já Hector Saint-Pierre sugere que o discurso de Trump reflete uma grande potência em decadência, sem um entendimento mais profundo da realidade sul-americana.

A pedido de situações geopolíticas mais amplas, a presença militar dos EUA na região pode passar a ter uma nova configuração. Historicamente, a Colômbia serviu como base para os interesses americanos, mas as novas tecnologias e aproximações políticas sugerem a necessidade de um novo paradigma, onde o poder militar pode dar lugar a outras formas de influência, como a atuação de grandes empresas de tecnologia.

As tensões geopolíticas se acentuam quando se considera que a estratégia de Trump pode também buscar reafirmar a presença dos EUA em zonas comerciais cruciais, como é o caso do Canal do Panamá. O debate sobre a atualização da política dos EUA na América do Sul ficará em evidência, à medida que os países da região se movem em direção a novas alianças, estabelecendo um caminho potencial para a ampliação da influência de potências como a China e a Rússia, em meio ao que se caracteriza como um realinhamento político no continente.

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