Trump ameaça México e Canadá com exclusão da Copa do Mundo de 2026, enquanto discute exigências comerciais e controle sobre vistos para torcedores.

Em um cenário que une política e esporte, Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos, está utilizando a iminente Copa do Mundo de 2026 como uma plataforma para reafirmar a posição americana em negociações internacionais. Durante um recente evento, que contou com a presença de uma réplica da taça da FIFA, Trump dirigiu um aviso claro a México e Canadá sobre suas expectativas em relação à realização do torneio que será co-organizado entre os três países. A mensagem é contundente: os dois vizinhos estão sob pressão para cumprir requisitos estabelecidos pelos EUA para evitar a imposição de tarifas comerciais severas.

O cenário é complexo, principalmente considerando que a maior parte dos jogos do torneio será realizada em solo americano, com os EUA recebendo 78 dos 104 confrontos. Especialistas em sociologia e geopolítica do esporte apontam que, embora a candidatura conjunta seja um esforço para mitigar a oposição internacional, os Estados Unidos estão plenamente capacitados para administrar o evento sozinhos, o que poderá levá-los a considerar a exclusão de seus vizinhos caso as negociações não avancem de forma satisfatória.

Marco Bettini, especialista em sociologia do esporte, observou que a realização conjunta é uma estratégia para suavizar a resistência global à candidatura dos EUA e também para praticar o chamado “sport washing” — uma tentativa de mascarar questões internas ou controvérsias políticas através da realização de eventos esportivos. Por outro lado, César Teixeira Castilho, professor de Ciências do Esporte, apontou que a complexidade da logística necessária para acomodar 48 equipes torna cada vez mais difícil para um único país sediar o evento.

Do ponto de vista econômico e de infraestruturas, os Estados Unidos foram classificados como prontos e aptos a receber a Copa do Mundo, tendo em vista a necessidade de um aumento significativo na capacidade de transporte e acomodação. No entanto, essa candidatura conjunta complexifica ainda mais o tema, já que aumenta os custos para os torcedores e elitiza a experiência do evento, tornando-a menos acessível.

A recente escolha dos EUA como anfitriões da Copa do Mundo marca também um retorno à diplomacia esportiva após anos de hesitação provocados pelos ataques de 11 de setembro e sua subsequente política de imigração restritiva. O contexto atual sugere que, a menos que Trump modifique sua postura rigorosa em relação a vistos, a presença de torcedores estrangeiros na Copa poderá ser severamente comprometida. Isso levanta questões sobre a inclusão e acessibilidade, especialmente para torcedores de países da América Latina, que enfrentam desafios significativos na obtenção de vistos.

A expectativa é que, com pouco menos de 500 dias até o torneio, a situação se esclareça. Contudo, as incertezas permanecem, e é evidente que a Copa do Mundo de 2026 não será apenas um evento esportivo, mas também um teste político para a Comissão Organizadora e para a diplomacia americana sob a liderança de Trump.

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