Trio Amoroso em Alagoas: Amizade e Amor Vencem Preconceitos e Formam Família Unida



 

Numa vibrante manhã de sábado, fui tomado pelo desejo de caminhar pela praia, um hábito que cultivo há anos em dias de céu limpo e uma brisa que parece um abraço da natureza. Vesti meu velho calção de banho e saí. A sensação da areia molhada sob os pés, acariciados pelas marolas, era algo quase transcendental. De um lado, imponentes edifícios de apartamentos guarnecidos por coqueiros no calçadão; do outro, a imensidão do mar em tons de azul esverdeado que parecia se fundir com o horizonte. Ao retornar da caminhada, decidi parar para um acarajé acompanhado de uma cerveja gelada.

Sentado numa pequena mesa, absorto em pensamentos, fui surpreendido por um toque no ombro. Era Ubiratã, um velho amigo que não via há anos. O tempo havia deixado suas marcas; ele estava mais corpulento e com menos cabelo. Sentou-se, e logo começamos a rememorar nossas histórias dos anos 80, uma época de grandes aventuras e poucas responsabilidades. Perguntei sobre Jeane, sua namorada na época, e ele abriu um sorriso nostálgico antes de começar a contar sua trajetória. O romance com Jeane floresceu até resultar em uma gravidez e casamento. Mudaram-se para a casa dos sogros no Prado e tiveram dois filhos, agora já adultos. No entanto, após 10 anos, o casamento chegou ao fim, e Ubiratã escolheu viver sozinho.

Neste momento, duas mulheres se aproximaram com acarajés e sorrisos generosos. Ubiratã me apresentou Ruth e Quitéria. Ruth, de rosto redondo e olhos penetrantes, com uma beleza morena e cabelo crespo. Quitéria, com sua pele alva, sorriso encantador e cabelos negros, tinha uma presença marcante. Estavam deslumbrantes em seus biquínis, exalando confiança e alegria. Conversamos animadamente; Ruth, originária de Palmeira dos Índios, contou suas histórias de infância até se mudar para a capital, enquanto Quitéria, baiana formada em enfermagem, compartilhou suas experiências entre Bahia e Maceió.

À medida que a conversa avançava, Ubiratã revelou que atualmente é chefe de vendas de uma cervejaria e conheceu Ruth durante exames na Santa Casa. O que começou como uma amizade amadureceu quando Ruth revelou que morava com sua namorada, Quitéria. A sinceridade de Ruth impressionou Ubiratã, e eles continuaram amigos, apreciando a companhia mutua.

Quando a mãe de Ruth faleceu, ela herdou um apartamento espaçoso demais para apenas duas pessoas. Ubiratã se mudou para lá e acertou os detalhes de convivência. A coabitação era tranquila, até uma noite de sexta-feira, quando uma interação mais íntima entre Bira e Quitéria transformou suas vidas. Decidiram compartilhar a verdade com Ruth em um encontro franco e regado a uísque no sábado. Ruth ouviu tudo em silêncio antes de surpreender a todos com um beijo apaixonado em Bira.

A partir dessa noite transformadora, os três tornaram-se inseparáveis, celebrando recentemente dois anos de união oficial e planejando a adoção de uma criança, já que Bira fez vasectomia.

Ao final daquela manhã ensolarada, as duas mulheres retornaram da caminhada, e continuamos nossa conversa com mais acarajés e cervejas. Surpreendentemente, fui convidado para ser padrinho da criança que planejam adotar. Aceitei com alegria, maravilhado pela complexidade e beleza das relações humanas, algo que, mesmo após sessenta anos de vida, continua a surpreender e encantar.

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