Tribunal de Justiça da Paraíba mantém juiz investigado por desvio de dinheiro público, apesar de denúncias graves e decisões polêmiques



O Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) decidiu manter Glauco Coutinho Marques em sua função como juiz na comarca de Gurinhém, mesmo diante de graves acusações apresentadas pelo Ministério Público do Estado. Essas acusações envolvem um esquema de desvio de dinheiro público, em que Glauco e sua esposa estão considerados como suspeitos. O caso, que começou a ser investigado em julho de 2024, revela um quadro alarmante de possíveis irregularidades na gestão pública da cidade de Itabaiana, onde a esposa de Glauco atuou como Secretária de Saúde.

As investigações apontam que ambos teriam recebido uma “mesada” proveniente dos desvios, um fato que a defesa do casal nega veementemente. O esquema identificado está vinculado à operação Pote de Ouro, que investiga a administração pública da região. Glauco continuou exercendo suas funções até dezembro de 2024, quando foi afastado após surgirem novas evidências em uma operação chamada Retomada. Essa operação apura decisões judiciais que favoreceram descontos irregulares em aposentadorias, sendo uma delas uma polêmica decisão em que Glauco levou apenas 16 minutos para decidir contra aposentados.

Um relatório elaborado pelo TJPB, a pedido do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), revelou que durante o período em que Glauco foi acusado, sua vara continuou a emitir decisões, a maioria envolvendo homologações de acordos extrajudiciais. Algumas dessas sentenças acabaram anuladas com os desdobramentos da operação Retomada, o que levanta mais questionamentos sobre a legitimidade das decisões do juiz.

Acusações graves surgiram no curso das investigações, incluindo a participação de Glauco em uma organização criminosa que teria desviado valores da Prefeitura de Itabaiana. Cheques depositados na conta de Glauco foram encontrados, levantando suspeitas de sua conexão com o suposto “mentor” do esquema.

O juiz é descrito em documentos da operação Retomada como uma figura central nas investigações, com indícios de manipulação em atos de jurisdição. A velocidade impressionante de algumas de suas decisões fez com que a situação chamasse a atenção do Judiciário.

A defesa de Glauco Coutinho Marques, por sua vez, refuta todas as acusações, afirmando que os valores envolvidos referem-se a pagamentos legítimos de empréstimos pessoais de sua esposa. Eles argumentam que não tinham conhecimento da origem ilícita dos cheques e que sempre colaboraram com as investigações. O advogado também ressaltou a falta de provas concretas que ligassem Glauco aos advogados das associações investigadas.

Enquanto isso, o TJPB permanece em silêncio sobre a razão da manutenção de Glauco no cargo durante tanto tempo, mesmo diante de denúncias tão sérias. O caso continua a gerar indignação, refletindo sobre a necessidade de maior rigor e transparência nas ações do Judiciário.

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