Tráfico internacional de mulheres: PF desarticula esquema de exploração sexual em falsa agência de modelos em SP.

Na manhã desta quarta-feira (18/12), a Polícia Federal deflagrou a Operação Catwalk após receber uma denúncia feita em São José dos Campos, no interior de São Paulo. A investigação desvendou um esquema de tráfico internacional de mulheres para fins de exploração sexual, criado por uma falsa agência de modelos sediada no Rio de Janeiro.

De acordo com as autoridades, tudo começou quando a mãe de uma das vítimas, que se candidatou a uma vaga de modelo oferecida pela agência, decidiu procurar ajuda. A empresa aliciava jovens com perfil de aparência infantojuvenil, prometendo oportunidades de trabalho no exterior. No entanto, a real intenção era mantê-las em regime de exploração sexual por meio de fraudes, coação contratual e exploração de vulneráveis.

As mulheres aliciadas tinham seus passaportes confiscados, eram levadas para Dubai e, se aprovadas em uma segunda seleção, seguiam para países como Arábia Saudita, Europa, Ásia e Estados Unidos, onde permaneciam sob monitoramento e sem liberdade. Apesar de desfrutarem de uma aparente vida de conforto e luxo, as vítimas eram obrigadas a esconder a realidade em que viviam, sendo incentivadas pelas aliciadoras a manterem uma imagem falsa nas redes sociais.

Segundo a PF, as jovens eram submetidas a contratos abusivos, que incluíam cláusulas com multas milionárias e a exigência de exames de ISTs, visando coagir as vítimas e desestimular possíveis desistências. Mesmo com a identificação de apenas 10 vítimas até o momento, acredita-se que a falsa agência enviava dezenas de mulheres para fora do Brasil mensalmente.

Durante a investigação, uma das vítimas chegou a ser ameaçada e agredida fisicamente por questionar o repasse das comissões pelas atividades sexuais, que chegavam a 60%. Os pagamentos eram feitos em criptomoedas para dificultar o rastreio e a identificação dos financiadores.

A PF conseguiu impedir o envio da filha da denunciante e realizou quatro mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos suspeitos, localizados em São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro. Medidas como apreensão de passaportes, proibição de novas emissões de documentos de viagem e sequestro de bens foram tomadas, além da proibição de comunicação entre os envolvidos e o acesso a redes sociais.

A operação continua em andamento, buscando desmantelar completamente essa rede criminosa de tráfico de mulheres para exploração sexual, que opera de forma clandestina e cruel. As autoridades permanecem empenhadas em garantir a segurança e a proteção das vítimas, bem como em responsabilizar os envolvidos por seus crimes hediondos.

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