Texas autoriza aborto em caso de gravidez de risco após lei vetar prática nos EUA; decisão repercute na Suprema Corte.

Juíza do Texas autoriza aborto a mulher que tem gravidez de risco

Nesta quinta-feira, uma juíza do Texas autorizou o procedimento de aborto a uma mulher grávida que enfrenta riscos à sua saúde, o primeiro caso desse tipo desde a eliminação do direito federal ao aborto pela Suprema Corte americana em 2022.

A mulher em questão é Kate Cox, de 31 anos e mãe de dois filhos, que pediu o aborto ao estado do Texas após descobrir que seu terceiro bebê enfrenta uma condição genética conhecida como trissomia do cromossomo 18 (Síndrome de Edwards), o que aumenta os riscos de aborto espontâneo ou complicações à vida dela e do bebê.

Durante uma audiência virtual em Austin, a juíza Maya Guerra Gamble do Condado de Travis, concordou em conceder a exceção, argumentando que negar o pedido de Cox iria “fazer com que ela perdesse a capacidade de ter um filho” e seria um erro judicial.

Segundo a advogada de Kate Cox, Molly Duane, a vida e a futura fertilidade de sua cliente estão em risco, com base na opinião de seu médico, que atesta a necessidade do aborto devido às complicações médicas que ela vem enfrentando. Kate precisou visitar a emergência do hospital quatro vezes no último mês.

No Texas, o aborto é ilegal e a regulamentação em torno das exceções médicas para casos específicos é considerada confusa, o que tem levado a ações judiciais por parte de mulheres que buscam acesso ao procedimento.

A decisão da juíza do Texas tem potencial para ser contestada pelas autoridades estaduais, e ainda não está claro quando Cox poderá de fato realizar o aborto.

Um representante da Procuradoria-Geral do Texas, Johnathan Stone, afirmou que a decisão favorável “impediria o estado de cumprir certas leis de aborto contra os demandantes” e assegurou que não se cumpriram todos os padrões para se chegar a essa conclusão.

Além disso, o caso de Kate Cox não é um caso isolado. O Centro de Direitos Reprodutivos (CRR) lidera um processo em nome de 20 mulheres que tiveram o aborto negado, apesar de enfrentarem complicações similares. Os médicos do Texas que realizam abortos ilegais podem ser punidos com até 99 anos de prisão e pesadas multas.

Portanto, a decisão da juíza do Texas pode ter implicações significativas na batalha em torno do aborto em meio à atual situação pós-eliminação do direito federal de interromper gravidezes, que tem gerado polêmica e tensões entre os estados americanos e a Suprema Corte.

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