Essa aparição de Cid traz consequências importantes para as Forças Armadas, que veem uma oportunidade de esclarecimento e de pôr fim ao clima de suspeita que pairava sobre os militares. Além disso, desperta curiosidade sobre quem será o último auxiliar de Bolsonaro a permanecer preso, já que tanto Cid quanto Max Guilherme foram liberados.
A saída de Cid de sua residência foi permitida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que estabeleceu algumas restrições. O tenente-coronel está impedido de deixar sua casa no período noturno e nos finais de semana, além de estar proibido de manter contato com outros investigados, com exceção de sua mulher, filha e pai, que também são alvos de inquéritos. Cid deve comparecer à Justiça todas as segundas-feiras.
Durante o passeio, Cid visitou um conhecido em um prédio a oito quilômetros de distância de sua residência. Esse edifício abriga apartamentos funcionais destinados a militares. Sobre sua rotina após deixar a prisão e assinar o acordo de delação premiada, o tenente-coronel foi econômico em suas palavras, afirmando apenas que “está tudo tranquilo”.
Cid, que agora usa uma tornozeleira eletrônica, vestia calça jeans e camisa polo azul durante o encontro com seu conhecido. Após cerca de vinte minutos de conversa sob uma árvore, ele retornou para casa.
A residência de Cid, onde vive com sua família, é bancada pelo Exército e está localizada em uma região reservada aos militares, com áreas verdes, praças, escolas e academias, e vigilância de soldados 24 horas nas guaritas de cada quadra.
Com a determinação de Moraes, o tenente-coronel foi afastado de suas funções no Exército, mas continuará recebendo seu salário de aproximadamente R$ 27 mil. A expectativa dos investigadores é que a delação de Cid contribua em pelo menos três investigações: o suposto esquema de venda irregular de joias, a inserção de dados falsos em cartões de vacinação e as tratativas que resultaram em uma minuta golpista.
Mauro Cid está sujeito a diversas condições estabelecidas por Moraes para sua soltura, entre elas a proibição de deixar Brasília e o recolhimento domiciliar com o uso de tornozeleira eletrônica durante o período noturno e nos finais de semana. Ele também é obrigado a se apresentar semanalmente à Justiça, entregou seus passaportes, está com o porte de arma suspenso, não pode usar redes sociais e só pode se comunicar com sua mulher, pai e filha, os únicos exceções dentre os investigados.