Os satélites da Starlink, por exemplo, precisam realizar, em média, 41 manobras anuais para evitar colisões. Apesar de esse número indicar um sistema em funcionamento, os pesquisadores alertam que falhas de comunicação e controle podem ocorrer em situações de estresse extremo, como durante tempestades solares. Esses fenômenos naturais têm o potencial de aquecer a atmosfera terrestre, aumentar o arrasto que os satélites enfrentam e comprometer a precisão de suas posições orbitais, o que, por sua vez, exige mais manobras, consumindo combustível e aumentando a margem de erro.
A tempestade solar de Gannon, ocorrida em 2024, exemplificou esses riscos. Durante esse evento, mais da metade dos satélites em órbita baixa teve que usar combustível extra para alterar sua posição, em um esforço para evitar colisões. Além disso, esses fenômenos podem danificar sistemas de navegação e comunicação, dificultando as manobras evasivas em momentos críticos.
Com o aumento das tempestades solares, surge a preocupação de uma catástrofe orbital, potencialmente iniciando a conhecida “síndrome de Kessler”, onde uma colisão poderia criar uma nuvem de detritos que tornaria inviável novos lançamentos espaciais por décadas. Para ilustrar esse risco, os autores do estudo criaram a métrica CRASH, que estima o tempo até uma colisão devastadora em caso de perda de controle dos satélites. Em 2025, esse tempo seria reduzido para 2,8 dias, um desastre considerável em comparação aos 121 dias registrados em 2018.
Diante das poucas advertências que os especialistas recebem sobre a chegada de tempestades solares – que variam de um a dois dias – é evidente que uma gestão proativa e uma avaliação realista dos riscos associados às megaconstelações são urgentes e necessárias. Embora essas constelações ofereçam avanços tecnológicos significativos, a fragilidade do nosso ambiente orbital exige atenção redobrada para evitar que um evento solar intenso comprometa o acesso futuro ao espaço.









